Pescadores de Conceição da Barra temem a chegada do óleo no Município – Foto: TC Digital

Medo, preocupação, desespero e desconfiança. Assim estão alguns pescadores que vivem da atividade nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra em relação às incertezas sobre o avanço do óleo que atinge praias do Nordeste em direção ao Sudeste. Em entrevista à Rede TC, a pescadora barrense Cinorina Pestana dos Santos Ribeiro, de 44 anos, e o pescador mateense Zitônio Pereira Gomes, de 69, relataram os mesmos receios e dúvidas sobre mais este desastre ambiental que ameaça a costa capixaba.

Ainda impactados pelos rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015, os pescadores, desta vez, dizem que a única coisa que podem fazer neste momento é esperar, mas com fé de que o óleo não chegue às praias do litoral norte capixaba. Apesar de nenhum dos dois exercerem a profissão de pescador atualmente, Cinorina por questões de saúde e Zitônio por opção pessoal, eles lamentam e traduzem o sentimento que percebem nos demais pescadores, que sobrevivem da atividade.

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Orla do balneário de Guriri – Foto: TC Digital

“SOBREVIVER É DIFÍCIL”

“Muito triste para os pescadores. Já tem a lama, e agora o óleo. A única coisa que a gente pode fazer é esperar para saber se essa poluição vem pra cá” – ressaltou Cinorina, acrescentando que a atividade está estagnada desde o acidente ambiental provocado pela lama de minério. “Aqui o peixe está poluído e a gente não pode pescar”, complementou. Conforme a pescadora, no dia 1º de novembro inicia o período de defeso que segue, em temporadas intercaladas, até março de 2020.

Com 15 anos de experiência, Cinorina relata que toda a família dela é de pescadores e que foi criada em Conceição da Barra, na localidade conhecida como Meleiras, aprendendo os segredos da profissão. Ela afirma que os pescadores temem perder o modo de vida que têm hoje. “A gente fica preocupado. Desde a lama, caiu muito. Sobreviver é muito difícil. Ninguém quer abandonar o pouco que tem. Não pode abandonar”.

PREPARADO PARA O PIOR

Mesmo com a incerteza sobre o óleo, Zitônio Pereira Gomes, que tem 50 anos de profissão e atualmente pesca no mar somente por esporte, disse que não há o que fazer a não ser esperar. Ele frisou que a comunidade está preparada para ajudar a remover o óleo das praias, se for necessário. Além da lama e da ameaça do óleo, Zitônio afirmou que os pescadores de Barra Nova têm uma nova preocupação, que é o fechamento da foz artificial do Rio Mariricu. Segundo ele, nos últimos 15 anos, o local foi fechado quatro vezes. O pescador afirmou que esse é um evento natural, mas que mesmo assim preocupa os pescadores, que não têm como entrar no mar com o barco para trabalhar.

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PREJUÍZO IMPAGÁVEL

Para Zitônio, o prejuízo com os desastres ambientais é impagável. “Os danos, as empresas responsáveis têm que pagar. Eles estão acabando com tudo e, se acabar, acabou. Agora não tem como correr. Se acontecer, vai fazer o quê? A gente só pode pedir a Deus para diminuir o prejuízo” – frisou.

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