Por
Gilmar Henriques
Editor

Foto: Secom Governo do ES/Divulgação

No balanço deste primeiro ano do segundo mandato, o governador Renato Casagrande está convicto que 2019 foi um ano de “muitas realizações” na administração estadual. Nesta entrevista exclusiva à Rede TC, Casagrande adianta até que, se a receita permitir, concederá novo reajuste aos servidores do Estado, além de manter os investimentos em obras que estão sendo iniciadas ou retomadas, inclusive no norte capixaba. Sobre as eleições municipais do próximo ano, deixa claro que não pretende participar fisicamente das campanhas, especialmente para preservar as funções de governador, mas confirma que atuará para dar condições de disputa a aliados, inclusive juntando-os em situações que favoreçam a vitória nas urnas.

Governador de centro-esquerda numa conjuntura política favorável à direita, Casagrande salienta que tem boas relações com o Governo Federal, embora enfatize discordâncias em posicionamentos sobre questões ambientais, culturais, de direitos humanos, desarmamento e também econômicas. “Não deixo de manifestar a minha opinião, mas manifesto sem precisar temperar com agressividade”.

Tribuna do Cricaré – De volta ao Palácio Anchieta, como o senhor avalia este primeiro ano do segundo mandato?

Renato Casagrande – Primeiro ano de muitas realizações. Terminamos 2019 tendo um Estado muito organizado, atendendo o plano de ajuste fiscal contratado pelo Estado do Espírito Santo com a União, mantendo nota máxima na gestão fiscal. Criamos um Fundo Soberano com recursos próprios para garantir o futuro dos capixabas e ser mais um instrumento de desenvolvimento do Estado, além de ser uma demonstração de gestão de longo prazo porque este recurso é para os capixabas. Iniciamos um novo ciclo de investimentos em infraestrutura no Espírito Santo. Só em 2019, que é o primeiro ano do nosso governo, fizemos mais investimentos em infraestrutura do que o último ano do governo passado, em 2018. Mostra o compromisso com a retomada dos investimentos, com a aplicação de recursos na área social, com a abertura de escolas em tempo integral, com a redução de homicídios, investimentos na área da saúde, especificamente da atenção primária e da média complexidade. Então terminamos o ano retomando obras, dando sequência a outras, com muitos resultados positivos em 2019.

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TC – Qual é a sua expectativa para o desempenho da receita em 2020? Há espaço para conceder reajuste aos servidores públicos?

Casagrande – Se tiver receita adequada, vou conceder reajuste linear aos servidores, a reposição da inflação, também no final de 2020, e vou analisar carreira a carreira a partir do início deste ano, se em uma ou outra carreira, será possível a gente conceder um reajuste diferenciado. Mas é bom saber que eu tenho três limitadores para qualquer aumento de despesa com pessoal e de custeio. O primeiro limitador é a Lei de Responsabilidade Fiscal, o segundo limitador é a LDO, que estabeleceu que eu não posso crescer mais que uma vez e meia a inflação nas despesas de custeio com pessoal, e o terceiro limitador é a manutenção da Nota A na gestão fiscal. Para ter Nota A na gestão fiscal as despesas de custeio de pessoal não podem ser superioras a 90% das despesas correntes líquidas. Então, mantidos esses critérios, esses limitadores, nós vamos, primeiro, fazer a concessão do reajuste linear, vamos estimar isso como foi feito agora em dezembro, recuperando a inflação de 2019. Nossa expectativa é essa. E vamos avaliar ponto a ponto se há a possibilidade de fazer alguma concessão em carreiras que estejam abaixo da média nacional.

TC – Governador socialista, o senhor iniciou este novo mandato em meio a uma onda de governos de direita. Que dificuldades tem encontrado e como está conseguindo solucioná-las?

Casagrande – Por ser de um partido de centro-esquerda, democrático e progressista, não tem me dificultado em nada. Na verdade, tem sido até uma oportunidade de me diferenciar de outros comportamentos e outros posicionamentos. Não tenho tido nenhuma dificuldade de me relacionar bem com outros governadores, sei respeitar a posição de cada um e sei manifestar a minha opinião de forma elegante e educada. Não deixo de manifestar a minha opinião, mas manifesto sem precisar temperar com agressividade. Do outro lado, quando encontra também respeito, isso não atrapalha em nada. Estamos conseguindo aqui resultados extraordinários, e talvez até melhores do que em outros estados, pela forma com que a gente tem adotado com o governo: com ética, com transparência, com parceria, tendo o apoio da bancada estadual na Assembleia Legislativa, da bancada federal no Congresso Nacional, dos municípios. Isso tem me ajudado muito a governar.

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TC – As ações do Governo Federal atrapalham, ou ajudam, a administração estadual neste momento?

Casagrande – As ações do Governo Federal não atrapalham o nosso trabalho. Discordo de algumas posições do Governo Federal, das visões que têm sobre o meio ambiente, da área cultural, da área dos direitos humanos, da posição de armar as pessoas a qualquer custo, de algumas posições na área econômica. Tenho as minhas discordâncias, mas, como disse, manifesto de forma muito equilibrada. Mantenho uma relação institucional muito boa com os ministros do Governo Federal, para que a gente possa cobrar do Governo Federal o passivo, a dívida, que tem conosco aqui no Espírito Santo.

TC – Concretamente, quais ações o norte capixaba pode esperar do governador para 2020?

Casagrande – O norte capixaba pode esperar do Governo em 2020 obras importantes, como algumas que já começamos a fazer. Começamos a fazer o asfalto do Patrimônio do Dilô até o Bairro Litorâneo, em São Mateus, estamos fazendo o projeto da ampliação da ponte em Guriri, vamos fazer mais trabalhos de drenagem e pavimentação em São Mateus, vamos fazer a lagoa de Pedro Canário, estamos fazendo a recuperação [de rodovias em] Boa Esperança-Nova Venécia-Pinheiros. Estamos fazendo diversas obras, já fazendo… Vamos começar agora a obra que liga Guaxe a Vila Valério, passando por Linhares, Sooretama, até Vila Valério. Temos diversas obras do Governo Federal e diversas obras em parceria com os municípios que a gente precisa dar sequência em 2020. E com certeza vamos dar sequência em 2020.

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TC – Governadores de estados do Nordeste estão mobilizados para deter fugas de investimentos da Petrobras, situação que ocorre também no norte capixaba. O senhor tem alguma ação para reverter esta situação, ou, ao menos, minimizar esses impactos em São Mateus e região?

Casagrande – Tenho conversado muito com a Petrobras. Eles estão fazendo desinvestimento, isso é bom. Na hora em que eles abrem mão disso, passam para empresas menores, elas passarão a fazer investimentos e o norte do Estado vai se beneficiar com esses investimentos.

TC – O senhor já tem uma definição de como atuará nas eleições municipais do próximo ano?

Casagrande – Vou preservar a função de governador. Tenho que ser mais governador e menos dirigente partidário. Vou participar diretamente em poucos municípios, ou quase nenhum município. Quero preservar a posição do governador até porque vamos ter aliados que estarão disputando em municípios. Eu não posso ficar manifestando opinião e dando a vantagem para um aliado em detrimento de outro aliado. Então os partidos se posicionarão, trabalharão, e eu como governador terei que ficar mais protegido. É lógico que vou atuar para tentar juntar aliados, para poder dar as condições de disputa para quem for disputar, mas sem ter uma participação fisicamente, sem ter uma participação direta como pessoa física e presencial nas campanhas.

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