FLÁVIA G. PINHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Conhecido como o rei da noite paulistana, o empresário Facundo Guerra decidiu empreender no setor imobiliário. Lançou o projeto Altar, uma casa retangular, que lembra um contêiner e promete ser 100% autossuficiente.
Sem qualquer conexão com tubulações de água, energia e esgoto, a construção ainda tem a peculiaridade de ser flutuante.

Foto: Reprodução

O protótipo com dois dormitórios, que estará disponível para locação a partir de fevereiro por cerca de R$ 900 a diária, boia nas águas mansas da represa de Piracaia, interior de São Paulo.

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Uma estrutura parruda permite que ela flutue como uma balsa, sem que se tenha a sensação de balanço típica de um barco -compartimentos estanques garantem a flutuabilidade mesmo que um deles seja danificado por acidente.
“Criamos a casa flutuante para mostrar que ela é independente. Capta e trata a água, gera energia, transforma lixo orgânico em biogás [usado na cozinha] e ainda soluciona um problema contemporâneo, o excesso de conexão. É um lugar para você se conectar consigo mesmo”, afirma Facundo Guerra, mais conhecido pela dezena de bares, baladas, casas de show e cafés que abriu em São Paulo, os mais recentes deles o bar de jazz Blue Note e o Arcos, um bar subterrâneo sob o Theatro Municipal.

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A construção promete economia de recursos naturais, geração mínima de impacto e rapidez. Sócio de Guerra, o publicitário Rodrigo Martins afirma que a casa ficou pronta em três meses, sem um pingo de sujeira.
“Planejamos construir dezenas de casas semelhantes, várias na água e algumas sobre terra firme, mas inicialmente todas para locação”, diz. No futuro, estão planos de lançar a moradia sustentável em conceito de multipropriedade. O cliente poderá comprar uma cota que dará direito a usar a casa algumas semanas por ano.
O método construtivo adotado pela Altar foi lançado em 2019 pela startup brasileira Syshaus. Como um Lego, as casas projetadas pelo arquiteto Arthur Casas dispensam fundações e saem prontas de fábrica. Só precisam ser montadas no terreno – e são entregues com mobiliário incluído, se o cliente quiser.
Não há tijolo nem cimento, muito menos entulho. Paredes de drywall encaixadas em estruturas de aço, sob coberturas metálicas autoportantes, recebem acabamentos de madeira, vidro, laminados e porcelanato ao gosto do freguês. A garantia é de 20 anos.
O preço varia bastante. Quem escolhe uma casa “on grid”, conectada normalmente às concessionárias de serviços, implantada em terra firme, paga de R$ 110 mil, preço do modelo de 9,6 m², a R$ 2,9 milhões, cobrados pela casa de 500 m².
Já os modelos “off grid”, autônomos, custam mais, porque já vêm dotados de equipamentos para geração de energia e de biogás, captação de águas pluviais e tratamento de resíduos. O mesmo vale para os flutuantes, que já trazem toda a estrutura de flutuação e motor para deslocamento.
A casa-piloto da Altar, com 40 m² de área interna e deque de 50 m², saiu por R$ 500 mil – a empresa ainda pagou cerca de R$ 3.500 para obter uma autorização da Marinha, que dá direito a manter a estrutura ancorada na represa.
Segundo Roberto Cabariti, diretor da Syshaus, o principal desafio agora é derrubar preconceitos.
“O consumidor ainda está preso a paradigmas do passado. Mas, com a sustentabilidade em alta e se tornando uma questão crucial em nossas vidas, a tendência é que haja uma grande transformação no setor em curto espaço de tempo.”

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