Foto: Reprodução.

ANA LUISA ALBUQUERQUE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A menina Kethellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5, foi enterrada na tarde desta quinta-feira (14) no cemitério Murundu, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro.
Kethellen morreu na madrugada de quarta (13), após ser atingida por um tiro na praça da Cohab, também em Realengo. Ela estava a caminho da escola, acompanhada pela mãe.
Criminosos atiraram cerca de seis vezes na direção de Davi Gabriel Martins do Nascimento, 17, que morreu no local. Um dos tiros acertou a perna de Kethellen, que não resistiu.
Davi Nascimento também foi enterrado no cemitério do Murundu na manhã desta quinta (14).
No fim da tarde de quarta, a Polícia Civil prendeu Thiago Porto, conhecido como Thiago Cabeça, sob suspeita de ter participado do assassinato. Ele faz parte de uma milícia que atua na região.
A reportagem foi ao local do crime e conversou com moradores da região. Eles disseram que Davi tinha passagens por roubo e que foi morto por milicianos da região do Barata. A milícia quer coibir a venda de drogas e os assaltos, frequentes na área.
Muitos parentes, amigos e vizinhos compareceram ao enterro da menina. Uma das tias de Kethellen, Mara Rocha, revoltou-se contra as autoridades e disse que em breve mais essa morte será esquecida.
“Cadê o governador, o presidente, o deputado que só vai na favela quando quer voto? Depois essas pragas somem. Os filhos deles estão guardados. Cadê os nossos? Estão todos mortos”, afirmou a jornalistas.
Kethellen foi a sexta criança morta por disparo de arma de fogo no estado do Rio de Janeiro em 2019.
Na quarta, o governador Wilson Witzel (PSC) lamentou nas redes sociais a morte da criança. “Determinei à Polícia Civil a apuração rigorosa desse crime e dos outros que atingiram seis crianças neste ano”, escreveu.
Ele aproveitou a morte de Kethellen para responsabilizar o governo federal pela ineficiência no combate ao tráfico de drogas. O governador e o presidente Jair Bolsonaro vêm trocando ataques desde que Witzel anunciou que será candidato à Presidência em 2022.
A menina Khetellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5, morreu depois de levar um tiro Reprodução A menina Khetellen Umbelino de Oliveira Gomes, 5, morreu depois de levar um tiro.
A mãe de Kethellen, Jessica Umbelino, chegou ao velório por volta das 13h30, muito abalada e carregada por parentes. A família e os amigos também choravam muito, incluindo crianças pequenas.
Durante o velório, mulheres se emocionaram cantando a música gospel “Espírito Santo”. “Só Deus sabe a dor que estou sentindo”, entoavam, acompanhando a música que saía do som de um carro da Igreja Universal.
“A missão que Deus dá tem que seguir”, dizia uma das tias, Daise da Costa. Ela posou para fotos segurando uma camisa infantil da rede pública de ensino, manchada com tinta vermelha, em alusão ao sangue.
Uma professora de Kethellen que estava presente no velório ainda voltaria para a escola para lecionar.
A coordenadoria, segundo ela, não concedeu o dia de folga, dizendo que tudo estava “dentro da normalidade”. Ao mesmo tempo em que conversava com a reportagem, uma vizinha informava: “Hoje já está tendo tiroteio em Bangu”.
As mortes por intervenção de agentes do Estado no Rio de Janeiro subiram 18% de janeiro a setembro deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado (de 1.183 para 1.402).
Já os homicídios dolosos caíram 21% no mesmo período, de 3.843 para 3.025.

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