Um projeto de lei aprovado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados proíbe o uso de telefone celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis por alunos da educação básica em escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas. Para virar lei federal, a proposta precisa ser aprovada por deputados e senadores.
Em São Mateus, educadoras entrevistadas pela Rede TC de Comunicações defendem o uso pedagógico do aparelho em sala de aula e entendem como positiva uma lei federal que discipline o uso do telefone celular por estudantes no ambiente escolar.
A diretora da Escola Arnóbio Alves de Holanda, do Bairro Forno Velho (Cohab), Eliane Roncatto relata que o uso do celular na unidade de ensino é permitido somente para fins pedagógicos e com supervisão de um professor.
“No [na escola] Arnóbio, não permitimos o uso em sala de aula sem a supervisão do professor. Só permitimos que use em sala de aula quando o professor solicita esse instrumento para uma atividade pedagógica, como num trabalho de pesquisa” – frisa.
Ela detalha que, nesses casos, os alunos levam o aparelho para a sala de aula, o professor monitora e acompanha todas as pesquisas que eles fazem e, ao fim da atividade, todos guardam o celular. De acordo com Eliane, as aulas com o uso do eletrônico devem ser previamente planejadas com o pedagogo da escola. “Todo mundo sabe que aquela turma, naquele dia, vai estar usando o celular. Não é permitido o uso de celular no pátio da escola. Quando trazem, fica na bolsa. Se a coordenação pegar em uso no pátio, na hora do recreio, o aparelho é guardado e só entregamos para a família” – reforça.
USO CONSCIENTE
Na opinião de Eliane, o uso consciente do celular na sala de aula, ou seja, pedagogicamente, é construtivo. “O celular pode ser usado para uma coisa boa ou ruim. Para a pesquisa, contribui para o crescimento dos alunos nos estudos com o acompanhamento do professor. Por outro lado, dentro do ambiente escolar, muitos alunos usam o celular para coisas indevidas, ficam vendo vídeos, usando redes sociais ou mesmo fazendo vídeos de forma inapropriada. O uso do celular pode ser positivo ou negativo. Não sou a favor da proibição totalmente, sou a favor do uso consciente e acompanhado” – complementa.
Uso indiscriminado é prejudicial ao aluno
A diretora pedagógica do Colégio Conhecer, localizado no Bairro Boa Vista, Aline Francisco Crispim, disse entender que a geração atual vive em um mundo digital, porém, ela defende que o uso do celular na sala de aula de forma indiscriminada é prejudicial.
“Mesmo que o celular esteja na bolsa, não esteja literalmente na mão dos alunos, tira a atenção deles porque ficam ligados se chegou uma notificação, uma atualização nas redes sociais, e assim por diante. A gente vê como prejudicial na interação os colegas e com os professores, que é algo primordial no espaço escolar” – avalia.
Para Aline, quando o uso do celular na sala de aula é para alguma atividade direcionada pelo professor de forma pedagógica, é, sim, algo positivo. “Mas quando é um uso indiscriminado sem uma orientação acaba gerando problemas. Nós entendemos que, de fato, estamos chegando num ponto que precisa ter algo que norteie isso e regulamente esse uso. Aqui na escola temos o regimento interno. De acordo com o regimento, o uso do celular é proibido se não for para atividades pedagógicas. Mas muitas vezes é difícil controlar” – frisa.
Ela ressalta que o Colégio Conhecer atende turmas do infantil ao ensino médio. Segundo a diretora, nas turmas do 6º ao 9º ano e de ensino médio, administrar o uso do celular é um desafio. “É complicado. A maioria deles possui o aparelho. Hoje, em uma das nossas turmas, a gente recolhe [o celular] na hora da entrada, o aparelho fica na coordenação, e a gente devolve na hora da saída porque estávamos tendo muitos conflitos” – enfatiza.
Aline acredita que se as restrições forem aprovadas, os alunos ficarão mais centrados. “A dispersão por conta do celular é evidente. Lógico que a gente pensa que isso tem que começar em casa. A partir do momento que eles trazem o telefone, é porque foram autorizados a trazer. Então, essa conscientização vai ter que começar em casa para quando chegar à escola, a gente dar continuidade. Mas, se de fato for proibido o uso, e as leis acabam surgindo para nortear as relações, vai ser positivo. A gente percebe que muitos alunos, mesmo com o professor solicitando que guarde, persistem em usar. Acaba que, por conta de alguns que não deixam de utilizar, vai favorecer a todos no final porque vão ficar mais concentrados nas aulas” – complementa.
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