O diretor do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), Luiz Antônio Fávero Filho disse em entrevista à Rede TC de Comunicações nesta segunda-feira que enxerga “com bons olhos” a proposta de criação da Universidade Federal de São Mateus (UFSM) e defende que o movimento deve ser também interno. “Traz mais uma oportunidade de a universidade dialogar, reforçar a importância do Ceunes e planejar o nosso futuro”, sustenta.
Luiz Fávero salienta que está agendando uma reunião com o deputado federal Neucimar Fraga, autor do projeto de lei na Câmara Federal, para entender melhor a proposta e repassá-la para a comunidade acadêmica.
“Opinião pessoal minha, com todo respeito à Ufes: somos Ufes, mas a região norte do Espírito Santo é muito próspera, de muita história, e que tem, certamente, a possibilidade de também escrever uma nova história vinculada à educação, ciência e tecnologia com a criação de uma outra instituição”.
O diretor ressalta que, da forma como está colocado, o Ceunes não é ruim, e destaca a importância da presença da Ufes no norte do Espírito Santo. Por outro lado, enxerga ser natural que o campus, sempre que tiver a oportunidade de desmembramento, lute pela transformação em universidade federal.
“Você monta uma estrutura independente, com orçamento próprio, que pode, inclusive, ter a possibilidade de criar mais campus em outras cidades, auxiliando também no desenvolvimento de toda uma região”.
Professor cita a UFRB como exemplo
O diretor do Ceunes, professor Luiz Fávero recorda que foi um dos primeiros professores na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), criada em 2005. Ele lembra que era um campus em Cruz das Almas que se desmembrou da Universidade Federal da Bahia.
Destaca que participou do processo de implantação dos primeiros cursos e que a universidade, posteriormente, recebeu o curso de Medicina. Conforme disse, atualmente a UFRB possui cinco campi instalados nos municípios de Amargosa, Cachoeira, Feira de Santana, Santo Amaro e Santo Antônio de Jesus.
E lembra ainda que a região do Recôncavo Baiano se desenvolveu mais a partir da criação da universidade.
MODELO DE UNIVERSIDADE
Mesmo favorável à ideia da universidade, o diretor do Ceunes frisa, no entanto, que é preciso discutir a proposta, inclusive o modelo de universidade que está sendo buscado. Esses esclarecimentos ele pretende obter na conversa com o deputado Neucimar Fraga.
Uma das preocupações do diretor do Ceunes é com o cenário orçamentário das universidades federais brasileiras. “O Governo Federal está falando em corte de recursos, o orçamento diminuiu muito. O governo fala que a universidade tem que buscar financiamento do setor privado. Nossa realidade é diferente de uma cidade como São Paulo, que tem um grande contingente de empresas. Não adiantaria criar uma universidade e não ter dinheiro para sustentar” – argumenta.
José Adilson destaca que foco
das mobilizações sempre foi
pela criação da universidade
O secretário municipal de Educação, José Adilson Vieira de Jesus, destaca que a criação de uma universidade federal em São Mateus sempre foi o foco das mobilizações da comunidade mateense e regional que culminaram com o Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes).
O novo projeto de lei com esse intuito foi apresentado na semana passada pelo deputado federal Neucimar Fraga, propondo o desmembramento do Ceunes da Universidade Federal do Espírito Santo.
“Vai dar mais autonomia e poderá trazer novos cursos. Então, vejo com muito bons olhos, uma medida excelente” – destaca José Adilson.
O secretário acrescenta que uma das vantagens é que o orçamento não terá vinculação com a Ufes, como atualmente é feito, dando autonomia maior financeira para uma futura universidade em São Mateus. Ele frisa que qualquer corte de recursos feito pelo governo federal no orçamento da Ufes impacta diretamente os centros universitários, como o Ceunes.
José Adilson reitera que a ideia que originou as mobilizações pela educação superior federal em São Mateus sempre foi por uma universidade autônoma, mas sem deixar de destacar a importância do Ceunes para o Município em todos esses anos.
Ele entende que o terreno onde o centro está instalado permite a criação da universidade, principalmente por garantir espaço físico para a ampliação da estrutura e criação de novos cursos. Outro benefício segundo o secretário, é o de buscar novos parceiros para o desenvolvimento acadêmico.
“Formação de capital social”
O secretário José Adilson reforça que São Mateus está se consolidando cada vez mais como um polo de educação superior e cita como exemplo a transformação da FVC em centro universitário pelo Ministério da Educação. “E a criação de uma universidade federal por desmembramento do Ceunes é a oportunidade de mais vagas e novos cursos para o Município”.
Para José Adilson, o ganho não será somente na capacitação profissional e de conhecimento científico, “mas também na formação de capital social”. Ele explica que, com mais pessoas sendo formadas e capacitadas em diversas áreas, elas gerarão negócios. “Não é só formar e ir embora. Forma-se aqui, gera negócios, e isso vai criando oportunidades econômicas no Município” – reforça.
