sábado, abril 26, 2025
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Dia da Pátria

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A Pátria, “terra dos pais”, encontra-se, certamente, entre os maiores e mais belos amores da vida. Por este amor, os homens vivem, sonham, dão a própria vida e são capazes de grandes heroísmos e realizações. Atualmente, os povos estão sentindo a necessidade de se unirem em organizações supranacionais –a Organização das Nações Unidas (ONU) é a expressão mais concreta e universal– a fim de favorecer uma melhor colaboração mútua, um crescimento econômico mais estável e a solução pacífica de eventuais conflitos.

O tema da pátria é fundamental na história bíblica: ela aponta aos homens a existência de uma outra pátria, definitiva e eterna:  a Casa do Pai e sua visão, face a face, na comunhão com todos os Anjos e Santos. A cidade de Jerusalém, com seu Templo, não era apenas a expressão da grandeza de um povo, mas, prefigurava a vocação de todo ser humano: habitar na Casa celeste para sempre, na plenitude de todos os bens.

O Verbo do Pai, vindo ao mundo, quis pertencer a um povo, fazer parte de um clã, assumir uma cultura e fundar uma sociedade alternativa, o Reino, amostra grátis, já nesta terra, do relacionamento trinitário. O povo de Israel, escravo de uma mentalidade estreita e mesquinha, rejeitou este projeto: os judeus, o maior povo da terra, por ter dado os natais ao próprio Filho de Deus, ao mesmo tempo, é o povo mais miserável, por tê-Lo rejeitado e condenado à morte.

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Não temos, aqui, uma cidade permanente –diz o Apóstolo Paulo– somos peregrinos de uma nova e eterna, a Jerusalém celeste”, descrita pelo livro do Apocalipse como uma cidade, iluminada pela presença de Deus e de seus Santos. Missão específica dos cristãos, hoje, é promover a unificação de todos os povos e defender o sistema democrático, nosso e dos outros, por ser o único, capaz de garantir o respeito dos direitos humanos aos seus cidadãos e a solidariedade a favor das classes mais desfavorecidas. Papa Francisco exorta veementemente: “a deixar do lado as ideologias e abraçar o bem comum, conforme a Doutrina Social da Igreja”.

O “Grito de Ipiranga” e o “Grito dos Excluídos” nos interpelam, neste Dia da Pátria, para refletir sobre a realidade atual e promover um nosso engajamento mais efetivo na vida do nosso país. Um relatório da ONU, publicado, em maio passado, abordava as desigualdades no mundo; a do Brasil –dizia o documento– é uma das maiores: “Notável é a discrepância de rendas entre os cidadãos: 20 milhões sofrem a extrema pobreza e 60 milhões, a insegurança alimentar”.

Esta desigualdade vem de longe: o Brasil, foi dividido, pela Coroa Portuguesa, em 15 capitanias hereditárias: estrutura, que, disfarçada, permaneceu até hoje. Se agravou 200 anos atrás, com a chegada dos europeus: foram-lhes oferecidas terras e isenção de impostos, enquanto, Índios e negros, expulsos de suas terras, não foram indenizados. O “Dia da Pátria” oferece, assim, uma oportunidade para renovarmos nosso compromisso a favor dos empobrecidos, sobretudo, dos negros e indígenas, garantindo-lhes aquele bem-estar, que é um direito inalienável de todo ser humano.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

Foto do destaque: TC Digital

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