sábado, novembro 8, 2025
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DE SÃO MATEUS PARA A COP30 EM BELÉM: Mateenses defenderão preservação ambiental e comunidades tradicionais

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Por

Wellington Prado

Repórter

Em plena região amazônica, a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, a COP30, começa oficialmente a partir de segunda-feira (10), em Belém, capital do Pará. Entre os participantes estão três mateenses que defenderão a preservação ambiental e as comunidades tradicionais nas discussões.

Em entrevistas exclusivas para a Rede TC de Comunicações, confirmaram presenças o filósofo, sociólogo e ativista ambiental José Adilson Vieira de Jesus, a coordenadora nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Kátia dos Santos Penha, e a coordenadora da Cáritas Diocesana, a pedagoga Ana Paula Carvalho.

A COP30 pretende colocar o Brasil no centro das discussões globais sobre mudança do clima. Na foto, o Rio Cricaré na altura do Bairro Jambeiro. O manancial vem sendo motivo de preocupação de representantes de São Mateus que participarão da Conferência devido aos eventos climáticos extremos recentes.
Foto: Claudio Caterinque/TC Digital

Kátia Penha e Ana Paula devem também defender outros temas que elas consideram de impactos locais, como a Bacia do Rio Cricaré, manancial que vem sendo motivo de preocupação devido aos recentes eventos climáticos extremos.

A COP30 possui seis eixos principais de discussão que são: a redução de emissão de gases de efeito estufa; a adaptação às mudanças climáticas; o financiamento climático para países em desenvolvimento; tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono; preservação de florestas, biodiversidade e justiça climática; além dos impactos sociais das mudanças climáticas.

As atividades da Conferência ocorrerão de 10 a 21 de novembro reunindo representantes da ONU, cientistas, líderes empresariais, ONGs, ativistas e outros membros da sociedade civil dos países.

No entanto, amanhã e sexta-feira (7) acontece a Cúpula de Chefes de Estado, que foi antecipada por decisão do Governo Federal. A Cúpula faz parte das atividades oficiais da Conferência e colocará o Brasil no centro das discussões globais sobre mudança do clima. O governo federal, em conjunto com os governos do Pará e Belém, ainda trabalha para garantir infraestrutura e acomodações adequadas aos participantes durante os onze dias de evento.

 

“Processo de deseducação levou às mudanças climáticas”, aponta ativista José Adilson

Mateense e atualmente residindo em Manaus (AM), o filósofo, sociólogo e ativista ambiental José Adilson Vieira de Jesus já está há uma semana em Belém em preparação para a COP30. Em entrevista à Rede TC, destaca que pretende enfatizar a importância da educação em todos os painéis que participar, por acreditar que “o processo de deseducação levou às mudanças climáticas”.

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Ex-secretário de Educação de São Mateus, José Adilson detalha que representa o segmento socioambiental na Conferência. “Faço parte de um Grupo de Trabalho Amazônico, uma rede de organizações do Amazonas, que reúne indígenas, seringueiros, castanheiros e ribeirinhos”, explica. Ele afirma que participará de diversos painéis de discussão, tanto na zona azul, onde estão os espaços oficiais, quanto nos eventos satélites da zona verde.

José Adilson já está há uma semana em Belém participando dos preparativos para a COP30, que começa oficialmente na segunda-feira.
Foto: Divulgação

“Em Belém, temos um espaço chamado Embaixada dos Povos, onde vão acontecer oficinas, lançamentos de livros, filmes, tudo com uma temática de clima, uns de saúde e clima. Temos aqui uma oficina de saúde e clima e vamos ter uma oficina sobre a resistência do povo palestino frente às mudanças climáticas e transição energética. Então, tem umas 50 atividades durante a COP30 que vão acontecer na Embaixada dos Povos” – detalha.

José Adilson foi eleito delegado pelo Grupo de Trabalho Amazônico. Entre as pautas, ressalta que o Grupo defenderá a diminuição do uso de combustíveis fósseis, além dos objetivos de frear o desmatamento na Floresta Amazônica.

 

Educação no processo das mudanças climáticas

 

“A gente precisa fazer a educação climática no ensino básico para que as novas gerações comecem, já desde novos, criancinhas, a verem o meio ambiente como um aliado, e não como um problema”, destaca José Adilson, reforçando a tese de que a crise climática é um processo de deseducação.

O ativista disse que já está em Belém para organizar painéis. Além disso, frisa que no dia 11 será realizada a Marcha de Saúde e Clima. “E uma outra questão é que a gente também está construindo aqui, com movimentos sociais do mundo inteiro, um evento chamado Cúpula dos Povos”, acrescenta.

 

PERFIL

José Adilson é professor, sociólogo e filósofo. Ele tem doutorado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Lisboa. Ativista climático, o mateense é casado com a amazonense Sila Mesquita, que está na coordenação da Cúpula dos Povos.

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Kátia Penha levará para a COP30 a defesa da regularização dos territórios quilombolas

 

Uma das coordenadoras nacionais da Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Kátia Penha viajou para Belém (PA) ontem, onde participa da 14ª Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas. A atividade é de preparação de documentos que serão inseridos nas discussões da COP30. Contudo, adianta que o primeiro ponto a ser defendido é a regularização dos territórios quilombolas e de outros tradicionais.

Kátia Penha, que participou de atividades preparatórias para a COP30, retornou ontem à capital do Pará.
Foto: Divulgação

Kátia Penha adianta que participará das atividades das duas zonas, azul e verde, mas destaca que já vem participando de encontros preparatórios há algum tempo. “Não adianta a gente colocar metas para desmatamento, ou qualquer outra, se não tiver a regularização e o direito dessas comunidades à terra, ao território. A gente fala, daqui do Sapê do Norte. Eu pego o Norte do Espírito Santo e são décadas que essas comunidades lutam pelo seu território. Não é tomar terra de ninguém, não é sobrepor território de ninguém, não é violar direito de nenhum proprietário, mas o direito à sobrevivência dessas comunidades que lutam por séculos” – sustenta Kátia.

Ela reforça que essa questão é inegociável e frisa que outros temas também deverão ser discutidos, como a diminuição do aquecimento global e do desmatamento, além de mais alimentos agroecológicos.

Kátia Penha diz que é preciso dialogar também com as empresas, pequenos negócios e as pessoas que moram nas cidades.

 

PERFIL

Kátia dos Santos Penha tem origens na Comunidade Quilombola Divino Espírito Santo, em São Mateus, onde nasceu, cresceu e ainda vive. Ativista ambiental quilombola, gestora ambiental e graduanda em Ciências Sociais e em Educação do Campo, ela está na coordenação nacional da Aliança Internacional em Defesa da Terra e Territórios da América Latina e do Caribe, composta por 16 países.

Kátia participou de outras edições da Conferência da ONU, na Colômbia (16ª), Escócia (26ª), Egito (27ª) e Emirados Árabes Unidos (28ª).

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“Preservação do meio ambiente e dos  povos tradicionais”, defende Ana Paula

 

Coordenadora da Cáritas Diocesana e representante da Diocese de São Mateus na COP30, a pedagoga Ana Paula Carvalho Barbosa viaja no sábado (8) para a capital do Pará. Ela afirma que está na comitiva organizada pela Cáritas Brasileira e defende a “preservação do meio ambiente e dos povos tradicionais”. Em entrevista para Rede TC, destaca que participará de painéis na zona verde, onde ocorrem os eventos satélites da COP30.

Em julho, Ana Paula participou da Pré-COP Leste, em Belo Horizonte, evento realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB. Ela viaja dia 8 para Belém.
Foto: Divulgação

Entre os pontos a serem abordados nos painéis que Ana Paula deve participar, estão saneamento básico e reflorestamento, entre outros. Em julho, ela participou do evento chamado Pré-COP Leste, em Belo Horizonte (MG), realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A programação reuniu representantes das instituições sociais e pastorais sociais da Igreja Católica.

“Foram discutidas as principais temáticas que envolvem o clima e a valorização dos povos tradicionais. E dessa Pré-COP, que tinha várias lideranças e representações, bispos, presbíteros e leigos, preparamos uma carta final direcionada à CNBB com o intuito de que a entidade produzisse, em nível nacional, um documento a ser enviado para a Cúpula [dos Chefes de Estado, que acontece nesta quinta e sexta-feira]” – relata.

Ana Paula adianta que a carta foi pautada, basicamente, pela Encíclica Laudato Si, do papa Francisco, sobre o cuidado com a Casa Comum. “Todos os fatores climáticos foram discutidos, mas prioritariamente a preservação do meio ambiente e dos povos tradicionais” – reforça.

Ana Paula salienta que as discussões da Igreja Católica não são somente relacionadas ao clima, mas também às pessoas impactadas.

 

PERFIL

Pedagoga, Ana Paula está na coordenação da Cáritas Diocesana há aproximadamente seis anos. Essa é a primeira vez que participa de uma Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Ela afirma que participará de atividades em todos os dias da Conferência.

Foto do destaque: Claudio Caterinque/TC Digital

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