Nenhum torcedor de time grande aceita com bom grado que sua equipe caia para a famigerada segunda divisão do futebol brasileiro, a também conhecida como Série B. Quando isso acontece, time e torcida se unem no propósito de conduzir a equipe de volta à elite, porém, quando isso não acontece, as consequências não são das melhores.

Tanto no ponto de vista financeiro quanto emocional, amargar mais um ano na segunda divisão é o reflexo de que algo precisa ser feito para reestruturar o time e reencontrar o caminho das glórias. Porém, no Vasco da Gama, o ano de 2021 foi uma montanha-russa de emoções, inclusive no comando técnico e nas questões internas administrativas.

 

Lincoln Nunes
Foto: Thiago Ribeiro

No total, o time teve quatro comandantes neste ano: Vanderlei Luxemburgo, Marcelo Cabo, Lisca e o recentemente demitido, Fernando Diniz. Apesar de todos os professores, a performance do cruz-maltino foi no maior aspecto da palavra: irregular. Além disso, em uma década, o clube coleciona 4 rebaixamentos num apanhado de más gestões e confusões internas, até mesmo para a eleição do presidente. No entanto, até onde os problemas de gerenciamento atrapalham a performance da equipe como um todo?

Segundo o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes, “primeiro, não dá para separar a gestão técnica da diretoria, todos fazem parte da equipe, todos procuram o melhor para o clube. Porém, quando a interseção entre estes dois setores é muito grande, a consequência não é das mais agradáveis em campo”. Ele acrescenta que, “quando se trata de questões básicas do clube, como o salário dos funcionários, é triste ver um gigante nessa situação. Ao mesmo tempo, é difícil exigir consistência em performance com esse amontoado de mudanças no comando técnico”.

Para superar esta fase difícil, Lincoln sugere: “O ideal seria trabalhar o senso de propósito, algo que, provavelmente, se perdeu no meio dessa confusão em busca do acesso. Todo ser humano precisa de um propósito, de uma válvula de escape”. O treinador lembra que, de acordo com os estudos do médico psicanalista de Harvard Srini Pillay, “estar ligado ao senso de propósito ativa as noções de recompensas no cérebro, fator fundamental para uma boa performance”.

Além disso, por conta da situação econômica do clube, há o que pode ser chamado de “agente estressor”. Para Lincoln, “neste caso se enquadram os salários atrasados, más condições de trabalho, pressão da torcida, a instabilidade com os treinadores, frustração de ir mal nas partidas e por aí vai… isso pode levar à regressão em termos de rendimento”.

Só que, independentemente de fatores externos, Lincoln observa que o atleta precisa canalizar isso e traduzir em performance. “O jogador sempre vai conviver com algum tipo de pressão e não saber controlar a influência disso afeta diretamente no desempenho, o gerenciamento emocional. Lembrando, que isso é uma análise com a visão de fora do clube, só uma sessão com os jogadores poderia revelar, de fato, o que acontece com a performance em São Januário”, completa.

 

Foto do destaque: Thiago Ribeiro

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