SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Josep Maria Bartomeu não é mais presidente do Barcelona. O dirigente entregou entregou nesta terça-feira (27) a sua carta de renúncia ao cargo de mandatário do clube.

A saída de Bartomeu ocorre um dia depois de ele ter afirmado que não deixaria o comando da equipe. A diretoria que compõe sua gestão também entregou seus respectivos cargos.

“Comunico minha renúncia e a do resto da junta diretiva. É uma decisão meditada, serena e acordada por todos os meus companheiros”, afirmou Bartomeu em pronunciamento nesta terça.

O dirigente de 57 anos sofria pressão para renunciar desde o conflito com Lionel Messi, que pediu ao Barcelona para se transferir após o fim da última temporada. Uma cláusula no contrato do argentino, que estipulava o pagamento de multa caso ele saísse, segurou o camisa 10 na Catalunha.

Mesmo permanecendo no Barça (seu contrato vai até junho de 2021), Messi não poupou críticas ao presidente, cuja administração, segundo o astro, é um dos motivos pelos quais ele pediu a transferência.

“O presidente [Josep Maria Bartomeu] sempre disse que ao fim da temporada eu poderia decidir se queria ir ou ficar, mas no fim das contas ele não cumpriu sua palavra”, declarou Messi em entrevista ao portal Goal.com, durante o anúncio de sua permanência na equipe.

“A verdade é que faz tempo que não há projeto, não há nada, se vão fazendo malabarismos e tapando os buracos à medida que as coisas vão acontecendo”, disse o jogador na mesma entrevista.

O anúncio de Messi aconteceu horas após ter sido apresentada uma denúncia de corrupção contra Josep Maria Bartomeu pelo que ficou conhecido como “Barçagate”, a contratação, feita pelo presidente, de uma empresa que teria como objetivo melhorar sua imagem nas redes sociais.

O expediente usado pela companhia foi criar perfis para fazer comentários negativos sobre inimigos políticos da administração e jogadores do elenco, entre eles o próprio atleta argentino.

Em seu pronunciamento nesta terça-feira, Bartomeu explicou por que não renunciou logo após o fim da última temporada, apesar das pressões, e falou sobre sua atuação na permanência de Lionel Messi, colocando-se como defensor da continuidade do ídolo no clube.

“Por que não renunciamos antes? Depois da eliminação na Champions o mais fácil era ir embora, mas havia que tomar decisões. E tinha que fazer em meio a uma crise mundial sem precedentes. Não poderia ser feito por uma gestão com funções limitadas. Quem teria contratado um novo técnico? Quem teria defendido a continuidade de Leo Messi?”, afirmou o agora ex-presidente.

Sócios do Barcelona pressionaram Bartomeu para que renunciasse, antecipando assim as eleições presidenciais marcadas para março de 2021. Diante da negativa, o mandatário sofreu um processo de moção de censura, movido por mais de 20 mil sócios do clube.

O número de assinaturas superou o mínimo necessário estipulado pelo estatuto do clube (15% do colegiado de sócios, pouco mais de 16 mil).

Uma vez que os votos fossem validados, o Barcelona teria de dar início a um referendo.

Caso a moção de censura reunisse dois terços dos votos, Josep Maria Bartomeu e sua diretoria seriam obrigados a deixar o clube e as eleições presidenciais seriam antecipadas.

Bartomeu confiava que as autoridades governamentais da Catalunha pudessem dificultar a realização da votação, que é presencial, em razão da pandemia do novo coronavírus.

O presidente chegou a enviar uma carta ao vice-presidente catalão, Pere Aragonés, na qual alegou que a média de idade do colegiado é alta (58 anos de idade) e destacou os riscos de expor sócios do clube à possibilidade de contágio. O comando do governo local, porém, decidiu não interferir no processo.

“Recebemos a resposta da Generalitat [governo da Catalunha] e sua resposta foi clara. Não há impedimento jurídicos e sanitários para impedir a votação da moção de censura. Raso e curto. Não consideraram nossas petições para ter a logística preparada com as mínimas medidas de segurança necessárias”, disse Bartomeu.

Vice-presidente de Sandro Rosell, Josep Maria Bartomeu assumiu a presidência do Barcelona em 2014 após a renúncia do então mandatário, que saiu pela porta dos fundos em razão do escândalo envolvendo a contratação de Neymar, no ano anterior.

Em 2015, o dirigente foi eleito para um período de cinco anos, que se encerra com o pedido de renúncia em meio à maior de crise do clube nos últimos anos.

Presidente na campanha vitoriosa de 2014/2015, com títulos de LaLiga, Copa do Rei e Champions League, Bartomeu deixa o Barça depois de uma temporada sem títulos, a primeira do clube desde 2008.

“Foi uma honra servir o clube. Nesses anos como dirigente e presidente, tentei cumprir no cargo com respeito, responsabilidade e honradez”, completou.

O Barcelona ainda não se pronunciou sobre uma nova data para as eleições. Com a renúncia, o prazo para a convocação do pleito é de no máximo três meses. No momento, uma comissão gestora, liderada por Carles Tusquets, assume o comando do clube.

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