A pandemia do novo coronavírus escancarou a realidade vivida pelos profissionais de enfermagem, que fazem dupla e até tripla jornada de trabalho para conseguir uma melhor remuneração no fim do mês. O professor e enfermeiro Murilo Soares aponta que a falta do descanso aumenta o risco de contaminação desses profissionais com o novo coronavírus.
Murilo organizou o ato Florence Nightingale Vive, realizado na manhã desta terça-feira, na Igreja Velha. O objetivo foi marcar o dia 12 de maio, data em que é comemorado o Dia Internacional da Enfermagem. Neste terça ainda estão sendo celebrados os 200 anos do nascimento de Florence Nightingale, quem criou a primeira escola de Enfermagem, além dos 200 anos da Enfermagem Moderna.
Até a atualização da tarde de segunda-feira (11), a Secretaria Estadual da Saúde registrou 1.435 profissionais da saúde no Espírito Santo contaminados com o novo coronavírus, sendo que um deles foi a óbito. Em São Mateus, a Sesa relatou que foram 19 profissionais infectados. Esses dados também incluem médicos.
O enfermeiro e professor Murilo entende que é necessário reforçar o treinamento dos profissionais para que eles tenham uma atenção maior no contato com os pacientes contaminados. Ele foi contratado na semana anterior para trabalhar no Hospital Roberto Silvares, em contrato emergencial Covid, para o setor de Educação Permanente, onde ministrará e articulará treinamentos.
Murilo salienta que a necessidade de profissionais trabalharem em mais de um local, em virtude de “baixos salários”, faz com que aumente as chances de uma desatenção nos cuidados. Ele relatou que há casos de profissionais trabalharem 36 horas seguidas, no acúmulo de jornadas e empregos. “A enfermagem luta pelas 30 horas de trabalho semanais e piso salarial nacional”, frisa.
Homenagens na Igreja Velha
No ato Florence Nightingale Vive, realizado nesta terça-feira, na Igreja Velha, os participantes fizeram homenagens com um minuto de silêncio para os profissionais de saúde que já faleceram no Brasil contaminados pelo novo coronavírus. Eles deram ainda uma salva de palmas, dedicada aos os profissionais que estão na linha de frente. Essa segunda homenagem seria realizada no Hospital Roberto Silvares, mas Murilo frisou, que por motivo de segurança, passou para a Igreja Velha. Os participantes, sendo estudantes e profissionais, estavam de jaleco e uma faixa preta no braço. Uma coroa de flores foi colocada no cruzeiro.
