O último Boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra uma tendência de interrupção do crescimento e até diminuição dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 em estados da região Centro-Sul do país. Apenas Minas Gerais e Pernambuco ainda apresentam sinais de aumento.
No entanto, o estudo revela um crescimento de SRAG entre os idosos em alguns estados das regiões Norte e Nordeste, como Acre, Pará e Pernambuco. Segundo a pesquisadora da Fiocruz, Tatiana Portella, os dados laboratoriais ainda não permitem dizer qual é o vírus responsável por esse crescimento, mas é provável que esteja associado à Covid-19.
Mesmo diante do cenário de interrupção do crescimento dos casos, a pesquisadora da Fiocruz recomenda estar com a vacinação em dia.
“A gente reforça a importância da vacinação contra a Covid-19, especialmente para as pessoas dos grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com comorbidade. E eu gostaria de reforçar a importância da vacinação em crianças pequenas, já que esse é um dos grupos, junto com os idosos, que possuem uma das maiores incidências de internações pelo vírus. Então é muito importante que os pais levem seus filhos para se vacinar contra a Covid-19.”
Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, 30% dos casos positivos de SRAG estavam associados à Covid-19. Entre os óbitos, o índice foi de 63%.
Em relação ao rinovírus, que atinge principalmente crianças e adolescentes de até 14 anos, o Infogripe revela uma diminuição dos casos graves. O resultado é positivo em quase todos os estados do país, com exceção de Santa Catarina e Pernambuco, onde há aumento dos casos graves de SRAG por rinovírus.
Estados e capitais
Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo continuam mantendo os sinais de queda dos casos de SRAG por Covid-19, enquanto Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal têm interrupção do crescimento.
Entre as capitais, dez apresentaram indícios de aumento dos casos de SRAG: Boa Vista (RR), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE), Rio Branco (AC), Vitória (ES).
Doenças respiratórias
A análise do Boletim InfoGripe, referente à Semana Epidemiológica 40, tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe, entre 29 de setembro e 5 de outubro, e apresenta informações sobre os vírus respiratórios, como VSR, rinovírus, influenza e Covid-19.
VSR: Vírus Sincicial Respiratório
Este vírus atinge, principalmente, crianças pequenas — de até dois anos — ou idosos acima de 65 anos. Geralmente é o responsável pelos casos de bronquiolite em crianças pequenas.
Segundo a pesquisadora da Fiocruz Tatiana Portella, “os sintomas são parecidos com os da gripe: dor de garganta, calafrios, coriza, tosse. Mas é preciso prestar atenção nos sintomas das crianças pequenas. Verificar se elas estão com dificuldade de respirar, com os lábios arroxeados — isso pode ser um indicativo que ela está evoluindo para uma forma mais grave da doença. Nesses casos, é preciso procurar atendimento médico rápido”.
Influenza A ou H1N1
Trata-se do vírus da gripe. Com alta circulação pelo país, sobretudo este ano, a Influenza A também é conhecida como H1N1 — anteriormente chamada de gripe suína.
“Geralmente ele pode dar uma febre mais repentina, mas tem os sintomas muito parecidos com outros vírus respiratórios, como tosse coriza, calafrios. Ele atinge todas as faixas etárias, mas assim como os outros vírus, evolui de forma mais grave nos idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades”, explica Portella.
Rinovírus
Assim como o VSR, atinge crianças pequenas e pode evoluir para casos de bronquite. Mas é uma doença autolimitada “que vai se curar sozinha entre 7 e 14 dias”, explica a pesquisadora.
“Mas ele pode evoluir para as formas mais graves em crianças pequenas que tenham histórico de asma, doença crônica no pulmão, imunossuprimidos.” Tatiana ainda explica que o rinovírus pode ter uma comportamento sazonal — como Influenza e VSR — e neste momento a Fiocruz observa uma incidência alta desse vírus em crianças pequenas e adolescentes.
Covid-19
O velho conhecido — responsável pela pandemia entre 2020 e 2021 — ainda causa muitos casos de SRAGs. Isso porque ao longo do tempo ele vem sofrendo mutações e evoluiu rapidamente. As novas variantes mostram que ainda trata-se do vírus da covid, mas com um poder de infecção maior.
Por isso a vacinação anual é importante para prevenir os casos mais graves da doença, alerta Tatiana Portella.
“A vacina da covid-19 é atualizada para as novas variantes e apesar de termos esse vírus circulando há alguns anos, é importante que as pessoas atualizem a vacina. Porque a vacina que as pessoas tomaram no ano passado não confere a mesma proteção do que a vacina que está disponível este ano.”