“ Minha vida…/Quebrando pedras/ e plantando flores./Entre pedras que me esmagavam/ Levantei a pedra rude/ dos meus versos””.
Ao conhecer os versos de Cora Coralina, a artesã Ivana dos Passos Souza, de 50 anos, moradora da Cidade de Goiás, deu um resignificado à sua vida e fez da força da poetisa sua própria força.
“Quando a gente lê os livros e vê como foi a vida dela, o quanto foi uma mulher dinâmica, por tudo que ela passou, as dificuldades, e foi crescendo, acabamos vivendo um pouco do que ela viveu. Cora foi uma mulher muito forte e conseguia passar isso para o papel. Quando alguém está com algum problema, as mulheres conversam e vamos pegar a força de Cora, ela poderia ter desistido, mas continuou”, disse Ivana.

A artesã faz parte de um grupo de 50 mulheres da Associação Mulheres Coralinas que, em todo encontro, leem um poema de Cora Coralina e conversam sobre ele. Além de ser uma rede de apoio, por meio da associação elas agregam valor com a poesia de Cora ao artesanato que produzem. Ivana faz bolsas de tecido e consegue vender mais as que são bordadas com poemas da poetiza. “Se não tiver a frase, não vende.”
Diferente de Cora Coralina, que além dos versos encantava as pessoas com seus doces glaceados, Ivana não é “muito chegada a fazer doces”. Mas teve a oportunidade de aprender a fazer o alfenim, doce tradicional da Cidade de Goiás, na oficina de gastronomia realizada durante o 20º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), que ocorre até domingo (10) na cidade.

Hoje, apenas uma das antigas doceiras da cidade, dona Silvia Curado, sabe fazer o doce, que leva açúcar, limão e água, além do amido de milho ou polvilho, para dar liga. O culinarista regional Rafael Lino foi quem ensinou as cerca de 15 mulheres a produzir o alfenim.
