“O conhecimento e a dedicação levam a qualquer lugar. O conhecimento que leva a realizar sonhos” – A declaração é do estudante da segunda série do ensino médio da Escola Wallace Castello Dutra, Walefeer Nascimento Andrade, que se tornou referência de dedicação aos estudos na instituição de ensino de Guriri.
Walefeer disse que viveu momentos de emoção ao saber da classificação no concurso Janelas abertas, novos saberes, realizado pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu) por meio da Superintendência Regional de Educação.
Um vídeo produzido por ele ficou em segundo lugar numa votação na rede mundial de computadores. Ele ganhou uma medalha e o convite para representar todos os estudantes da rede estadual em um evento da Sedu, que ainda não está definido.
O estudante afirma que o esforço valeu a pena. Muitas noites deixando de dormir e varando algumas madrugadas com o objetivo de ganhar o prêmio, um tablet, que o ajudaria a desenvolver ainda mais o aprendizado.
Sensibilizados, profissionais da Escola Wallace Castello Dutra compraram o equipamento deram de presente para Walefeer. Ele confessou à Rede TC que após receber o tablet foi para a sala da coordenação, que estava vazia, chorou, ajoelhou e orou para agradecer a Deus. A cena foi testemunhada pela diretora Priscila Farias e pelo professor Alexandre Marcelino, que também se emocionaram.
No vídeo produzido por Walefeer, com o tema Confinados em casa, mas conectados com a escola, o estudante recitou um poema produzido por ele.
Na mesma escola, a aluna Daiane Ramalho, vencedora na categoria da EJA, ficou em 1º lugar no concurso e ganhou um tablet da Sedu.
Primeiro celular conquistado também com esforço escolar
Walefeer relata que até 2018, quando tinha 15 anos, ainda não tinha equipamentos tecnológicos para agregar aos estudos. Entretanto, nada o impediu de ser destaque na escola, sendo premiado em diversos concursos.
Entre as premiações, ainda no ensino fundamental, integrou a equipe da Escola Herinéa Lima Oliveira que garantiu em 2018 vaga na Olimpíada de Matemática que aconteceria na Índia. Junto com os colegas, fez campanhas com rifas, buscando angariar recursos para a viagem.
Não conseguiu juntar o montante necessário, mas o dinheiro arrecadado foi dividido entre os estudantes. A parte dele foi usada para comprar o primeiro celular. Ele lembra que o fato de não ter telefone na época acabou gerando comentários maldosos de colegas.
Até então, quando precisava usar um telefone celular, procurava o professor Alexandre Marcelino que passava as vídeo-aulas para um pen-drive e ele assistia os conteúdos num computador na escola. O celular amenizou essa situação. Em outro concurso estudantil naquele mesmo ano, ele ganhou um notebook.
Família humilde incentiva os estudos
Sempre focado nos estudos, Walefeer ainda arruma tempo para ser voluntário em alguns trabalhos na escola, ajudando outros estudantes com dificuldades de aprendizado. Com o que aprendeu na escola, também usa em casa para gerar renda para a família, que o apoia integralmente.
Ele comercializa verduras que produz na horta que ele plantou em casa, utilizando o aprendizado na escola. O dinheiro serve para aumentar a renda familiar.
Walefeer é filho do operador de máquina pesada Ilson Maria de Andrade e da cabelereira Ana Célia do Nascimento Andrade. Ele detalha que o pai cursou apenas metade do ensino fundamental e a mãe terminou o ensino médio recentemente, estimulada pelo filho.
Com essas condições, o estudante afirma que não teria condições de comprar um tablet. “Porque os recursos são escassos, principalmente nessa situação atual de pandemia do novo coronavírus”, frisou.
Walefeer quer lecionar Matemática e Física
O estudante Walefeer disse que a inspiração e dedicação aos estudos foi incentivada pelo professor de Matemática Alexandre Marcelino, que o acompanha desde o ensino fundamental.
Walefeer já tem traçada meta que pretende alcançar. E a profissão que escolheu é ser professor, Matemática e de Física. Para atingir esse objetivo, adiantou que, primeiro, cursará faculdade de Matemática e, depois, de Física.
“Quero servir de exemplo para os meus futuros alunos”, adiantou. O estudante já tem em mente o que falará aos futuros educandos no primeiro dia de aula como docente: “Independente das circunstâncias e condições econômicas, onde se encontrar nesta pirâmide social, pode sim ter uma ascensão”.
Walefeer relatou que mostrará aos alunos toda a caminhada que fez e as dificuldades que enfrentou. “Onde eles quiserem ir, podem chegar a partir da educação”.