JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta quarta-feira (5), o Banco Central promoveu o quinto corte na taxa básica de juros do governo de Jair Bolsonaro. De 6,5% ao ano em julho de 2019, a Selic agora está a 4,25%, mínima histórica. A queda na taxa básica de juros é uma maneira de estimular a economia, já que o custo do crédito fica mais barato e aplicações de renda fixa, menos rentáveis.

Foto: Divulgação

A poupança, principal investimento dos brasileiros, fica ainda menos vantajosa. Desde novembro, o seu rendimento já é negativo. Ou seja, perde para a inflação. Isso porque ela rende a Taxa Referencial (TR), hoje zerada), mais 70% da Selic, o equivalente a 2,975% ao ano no momento.
A inflação em 2020 segundo a previsão do mercado, deve ficar em 3,4%, o que deixaria o investimento real negativo em 0,425%, no ano.
Para não perder dinheiro, especialistas recomendam realocar os investimentos em modalidades mais rentáveis, de acordo com o perfil do investidor.
Primeiro de tudo, é necessário garantir a reserva emergencial, que consiste em seis meses de gastos mensais alocados em um investimento de renda fixa que supere a inflação e possa ser resgatado a qualquer momento, como o Tesouro Selic e CDBs (Certificado de Depósito Bancário) acima de 100% do CDI, para ser utilizado em caso de desemprego ou emergências médicas para evitar a contração de dívidas.
Com o dinheiro de emergência garantido, a dica para obter mais retorno é entrar no mercado de renda variável de maneira moderada.
Os analistas recomendam que o volume investido varie de acordo com apetite a risco e com a necessidade de cada investidor, com no máximo 40% dos investimentos em ações, no caso de um investidor mais arrojado.
Como o brasileiro tradicionalmente investe em renda fixa e não está tão acostumado ao mercado acionário, a recomendação é investir gradualmente e de forma indireta, via fundos multimercado, de ações e ETFs (Exchange Traded Funds), de forma a minimizar o risco.
Outra dica é manter no mínimo 30% das aplicações em renda fixa e, segundo especialistas, de preferência no Tesouro IPCA, que garante um retorno acima da inflação.
Os demais produtos do Tesouro (IPCA e prefixado) podem gerar perda de rentabilidade em caso de resgate antes do prazo. A recomendação é alinhar quando o investimento será utilizado, como a compra de um imóvel, por exemplo, com o produto e seu respectivo prazo de vencimento.

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COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR

Conservador
O conservador preza estabilidade do investimento. Ele quer saber qual será o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.

Moderado
O moderado aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira é mais diversificada do que a do conservador, com maior espaço para a renda variável.

Arrojado
O arrojado está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Ele tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas do mercado de renda variável, que ocupam boa parte da carteira.

Agressivo
O agressivo não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Ele tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.

– É importante destacar que investimentos devem ser encarados como de médio a longo prazo. Investimentos com retornos de curto prazo podem ser muito arriscados e levar a prejuízos. Geralmente, corretoras e bancos avaliam o seu perfil, de acordo com idade, renda profissão e objetivos.

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COMO DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS

Depende do apetite a risco: pessoas de perfil conservador devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Antes de diversificar, é preciso ter uma reserva equivalente a seis meses de gastos. Esse montante fica em investimentos pós-fixados.

Tipos de investimento

Pós-fixados
Acompanham a taxa de juros. Se o juro sobe, a rentabilidade aumenta; se ele cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo as pessoas mais arrojadas têm uma parcela de seu dinheiro nesses produtos.
Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI;
Como diversificar: CDBs de bancos pequenos, vendidos em corretoras, pagam mais que os grande bancos, até 120% do CDI. A aplicação é longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento.

Prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic suba ou caia. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação.
Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos.

Inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação no período. Mudam de preço todo dia, então, para evitar risco perdas, o investidor precisa mantê-los até o vencimento.
Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos.

Fundos multimercados
Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo.

Ações
Para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente ou investir por meio de fundos ativos ou aqueles que acompanham um índice (ETFs).

GLOSSÁRIO DOS INVESTIMENTOS

– Os principais investimentos de renda fixa de bancos são CDBs, LCAs e LCIs; quanto maior o banco, menor a remuneração, porque o risco de calote é menor; as letras de crédito são isentas de IR; em caso de calote, há cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira;
– Empresas emitem debêntures, e o dinheiro vai para financiar investimentos; quem compra uma debênture corre o risco de calote da empresa, já que não há garantia do FGC; ao investir em uma debênture, corre-se o o risco de calote da empresa; quando o dinheiro é destinado a obras de infraestrutura, há isenção de Imposto de Renda;
– No investimento prefixado, o rendimento é conhecido na hora da aplicação; é vantajoso quando há expectativa de queda de juros; no momento atual, os títulos mais longos consideram que as taxas vão subir mais que o mercado considera que vá acontecer; por isso, há chances de rendimento maior;
– O Tesouro IPCA+ paga uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação; esse investimento garante o poder de compra do dinheiro em aplicações de longo prazo, mas pode sofrer oscilações de preços e gerar perdas em caso de resgate antes do vencimento;
– CDI é uma taxa de juro que acompanha a Selic e costuma ser referência para remuneração de investimentos de renda fixa emitidos por bancos. Hoje ela está a 4,157%;
– ETFs são fundos que replicam um índice de ações, como o Ibovespa; o ganho desse fundo será, ao final de um período, o mesmo registrado pela Bolsa; como é um fundo passivo (não há um gestor tomando decisões de investimento), tem taxas mais baixas.

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