BRUNO RODRIGUES E KLAUS RICHMOND
SÃO PAULO, SP, E SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – Há pouco mais de um ano, o atacante Marinho, 30, foi apresentado pelo Santos no CT Rei Pelé, deixando claro um descontentamento logo na primeira pergunta da entrevista.

“Não entendo o motivo pelo qual parei de jogar. Quanto mais tento entender, mais me chateio. Entrar só de vez em quando para mim não serve”, disse à época.

A declaração foi uma mensagem de inconformismo pela falta de regularidade na passagem pelo Grêmio, entre 2018 e 2019. Ao todo, foram 28 partidas e cinco gols marcados.

O filme vivido pelo alagoano foi semelhante ao de Luciano, atacante do São Paulo. Em sua chegada no Morumbi, também falou com tom de descontentamento sobre a falta de espaço no Grêmio. “Não me explicaram [porque não jogava] e não quero entrar muito em detalhes.”

Principais referências de suas equipes hoje, os rivais têm em comum mais do que os números 11 que levam nas costas. Superaram desconfianças, após passagens frustradas pelo Grêmio, para guiarem Santos e São Paulo neste início de Campeonato Brasileiro.

Marinho marcou nove gols em 12 jogos desde a volta do futebol, após a paralisação pela pandemia, e lidera um Santos improvável após uma série de turbulências entre diretoria e jogadores, além da saída do técnico português Jesualdo Ferreira, às vésperas do início da competição.

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O atacante é o vice-artilheiro do Nacional, com seis gols, e é o líder em assistências (três), além de ser o mais caçado, com 48 faltas sofridas, média de 5,3 por partida.

Dos 12 gols marcados pela equipe de Cuca, ele tem participação direta em nove.

“O Cuca, hoje, tem muitos méritos em nosso momento e crescimento. Tem um trabalho de campo de altíssimo nível”, explica o jogador à reportagem.

Marinho chegou ao Santos por indicação do então técnico Jorge Sampaoli, hoje no Atlético-MG. Conseguiu a desejada sequência, mas somente neste ano alcançou o melhor momento da carreira. Nem mesmo no Vitória, quando despontou nacionalmente, teve média e sequência tão positiva como agora.

Mas 2020 não foi um ano somente de realizações. Precisou superar uma fratura no pé esquerdo, sofrida no primeiro jogo do ano, em janeiro.

Em julho, após a eliminação no Paulista, recebeu ofensa racista de um comentarista de rádio, que foi demitido de sua emissora. Ele se posicionou sobre o caso no Instagram.

Desde o ano passado, ele passa por uma transformação, tentando desconstruir a imagem de jogador conhecido por declarações inusitadas. Em 2019, após vitória contra o Botafogo, na Vila Belmiro, fez apelo para não ser mais visto como um gerador de memes.

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“Vocês têm de começar a olhar um pouquinho pra mim também como jogador de futebol”, desabafou. “Tem a hora de brincar e de ser levado a sério. Trabalho muito para ter uma carreira sólida.”

Nos bastidores, virou um dos líderes do elenco, apadrinhando boa parte dos mais jovens, como Kaio Jorge e Arthur Gomes, e até na negociação salarial com a diretoria.

“Hoje o time que terminou o jogo estava cheio de meninos. Então, ele [Marinho] está sendo um referência muito importante”, disse Cuca após a vitória sobre o Atlético-MG.

Como Marinho no Santos, Luciano também chegou ao São Paulo sob desconfiança. No Grêmio, marcou oito gols em 36 jogos. O aproveitamento em 2020 também foi discreto: três gols em 16 partidas.

Luciano, 27, foi envolvido em uma troca com o meia-atacante Everton, 31.

Além de ser mais novo e ter um histórico mais favorável com relação à parte física, o atacante chegou com o aval de Fernando Diniz, com quem trabalhou no Fluminense e que foi contra a saída do atleta das Laranjeiras em 2019.

“O Diniz estuda, vive o futebol 24 horas por dia, trabalha muito o tático. É um ser humano incrível, passa total confiança aos atletas.”

Os gols que Luciano trouxe à equipe logo em suas primeiras apresentações ajudaram a dar tranquilidade para o trabalho de Diniz, que iniciou o Brasileiro pressionado pela queda precoce no Paulista.

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São quatro em sete jogos, o que o coloca como artilheiro do time na competição. Com a lesão de Pablo, Luciano vem jogando mais centralizado, mas diz que pode atuar pelos lados, como no Fluminense.

Diante do Red Bull Bragantino, cometeu pênalti ao colocar o braço na trajetória da bola. Bravo com o atleta, Diniz parabenizou ironicamente Luciano, que olhou para o banco. “Está olhando o quê?”, perguntou o treinador.

O Bragantino desperdiçou a cobrança e, na sequência, Luciano empatou a partida, que ainda teria mais um pênalti desperdiçado pelo rival.

“É uma situação meio nova para mim, chegar assim de repente [no clube] e dar tudo certo tão rápido. Espero que continue”, completou.

SANTOS
João Paulo; Madson (Pará), Lucas Veríssimo, Alex (Pituca), Luan Peres; Alison, Pituca (Jobson), Carlos Sanchez; Marinho, Lucas Braga, Soteldo. T.: Cuca

SÃO PAULO
Tiago Volpi; Juanfran (Igor Vinícius), Diego Costa, Léo Pelé, Reinaldo; Tchê Tchê, Gabriel Sara (Hernanes), Igor Gomes; Brenner (Paulinho Bóia), Luciano, Vítor Bueno. T.: Fernando Diniz

Estádio: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Horário: 19h deste sábado
Juiz: Luiz Flávio de Oliveira (SP)

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