O Coletivo de Cerâmica Campesina do Córrego Seco realizou no dia 25 de setembro, no sítio Girassol, região do Córrego, São Mateus sua primeira queima autônoma comandada por Flávio Mantovanelli, camponês e ceramista. A queima, que foi em forno tradicional à lenha, teve ciclo de 7h30 horas, com um forno bem carregado da produção de 11 ceramistas, em sua grande maioria mulheres camponesas.

A atividade se deu em movimento de coletivo e mutirão passando por vários momentos como a articulação das ceramistas, organização do ambiente, da lenha, alimentação, água entre outras atividades de organização.  O início e o fim da queima foram celebrados com mística campesina havendo apresentação de poesia, bandeiras dos movimentos sociais e outros símbolos que reforçaram o valor e a importância da cerâmica e da ação de coletivos em prol de ideias que fortalecem a comunidade ecoando sempre o mote através das palavras de ordem: “CERAMICA:ARTE CAMPESINA”

O forno, como é de praxe, foi aberto dia seguinte. O sítio Girassol, onde o forno foi construído, recebeu as ceramistas e seus familiares, além de visitantes que assistiram à avaliação da fornada e as discussões de ordem organizativa sobre os próximos passos e ações do grupo. A próxima queima ficou agendada para o dia 30 de outubro, no Sítio Girassol, onde está localizado o forno.

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A queima faz parte dos esforços de retomada da cerâmica campesina em São Mateus e região fomentadas pela Casa de Troca| cerâmica da restinga, espaço cultural premiado pela Lei Aldir Blanc implementada no município através da Secretaria de Cultura que viabilizou oficinas de iniciação à cerâmica tradicional. No Córrego Seco, as oficinas aconteceram na ECORM Córrego Seco, em maio deste ano e foram mediadas por Shila Joaquim, pintora, ceramista e pesquisadora.

A importância que o Coletivo de ceramistas do Córrego Seco traz para o movimento cultural de São Mateus é de extrema relevância ao entendermos que, apesar do município possuir matéria prima e tradição na arte da cerâmica, não havia até 2018, registro de ceramistas artesãos residentes no campo, pois os antigos mestres ceramistas ou haviam falecido ou se encontravam desmotivados, como era o caso de Dona Elvira, camponesa ceramista, de 102 anos, descoberta pelo coletivo através das rodas de conversas que agora retoma suas atividades inspirada e acompanhada pelo grupo.

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A cerâmica, que antes era lembrança na zona rural de São Mateus, agora com as atividades iniciadas através das ações da Casa de Troca, reforçadas em 2020 pelos recursos da Lei Aldir Blanc e alimentadas com o ânimo, disposição e talento do Coletivo do Córrego Seco impacta benéfica e diretamente a cadeia produtiva da cerâmica em São Mateus e, assim podemos afirmar que, a cerâmica voltou para o campo enriquecendo a identidade cultural do município e da própria cerâmica.

Ceramista Centenária

Segundo Rosani Oinhos, ceramista do córrego seco, pesquisadora independente e educadora do campo, Elvira Ferreira de Souza é uma senhora ceramista centenária, com 102 anos, veio de Vitória da Conquista, BA em 1951 e passou a residir no Córrego Seco. Dona Elvira aprendeu a fazer cerâmica vendo a mãe manipulando o barro com o intuito de modelar panelas grandes para cozinhar nas festas de casamentos, para torrar café, cozinhar alimentos para os animais e fazia panelas menores para o consumo familiar. Além de produzir telhas para cobrir casa. Dona Elvira conta que nenhum um dos filhos teve motivação de aprender cerâmica para dar continuidade a esse oficio. Com a movimentação do Coletivo, a anciã voltou a produzir.

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Foto do destaque: Divulgação

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