Por
Wellington Prado
Repórter
Nova Venécia – Neste sábado (22) é celebrado o Dia Mundial da Água e o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Mateus (Rio Cricaré), Ermerson Rodrigues Machado, afirma que é preciso articular projetos para recuperar e preservar as nascentes no Norte do Estado. Segundo ele, atualmente existem levantamentos mapeando todas as nascentes que compõem a bacia hidrográfica. “Precisamos partir para o próximo passo, que é articular projetos voltados à preservação e recuperação”, reforça.
Para a Rede TC de Comunicações, Ermerson disse que a região ainda carece de um levantamento que possa dimensionar a magnitude das necessidades de reflorestamento na bacia do Rio Cricaré. Ele destaca que o Plano de Recursos Hídricos foi apresentado em 2019 e considera que foi feito “tardiamente”.
Atrelado ao plano, Ermerson acrescenta que, junto com o CBH Itaúnas, foi elaborado o Planejamento da Restauração Florestal e os planos de comunicação social e de ações. “Através desses planos, viabilizamos investimentos no território de toda a bacia hidrográfica”.
Em relação ao reflorestamento, Ermerson afirma que o comitê é procurado por ongs, empresas e projetos governamentais para este propósito. “São ainda tímidos diante de toda necessidade. Contudo, estamos avançando, pois já foi entendido que o território norte necessita de uma rede social interligada para restauração florestal e da paisagem na Bacia do São Mateus” – avalia.
Bacia hidrográfica tem mais de 65 mil hectares para serem recuperados, avalia Ermerson
Nova Venécia – De acordo com o presidente Ermerson Rodrigues Machado, a bacia hidrográfica do Rio Cricaré é a segunda mais degradada do Espírito Santo e atualmente possui um déficit de mais de 65 mil hectares de área para ser recuperada. Na avaliação dele, a situação é “preocupante”.
Ermerson detalha que o Rio Cricaré tem uma extensão total de 642 quilômetros, incluindo os braços sul e norte. Da confluência entre os dois braços do rio até a foz no Oceano Atlântico, são 75 quilômetros de extensão. “Nossas águas vêm de Minas [Gerais], com nascentes em São Félix de Minas e Itambacuri”.
Ele frisa ainda que o rio perpassa por 15 municípios mineiros e 11 capixabas, recebendo cargas orgânicas de esgotamento sanitário, em muitos casos sem tratamento, efluentes industriais e resíduos sólidos, além de sofrer com questões de desmatamento, fogo, cunha salina –São Mateus e Conceição da Barra–, assoreamento, erosão, desertificação, monoculturas, passando ainda por eventos climáticos como crises hídricas e enchentes.

Ações voltadas à preservação e recuperação de mananciais
Nova Venécia – Conforme o presidente do CBH, Ermerson Rodrigues Machado, a partir do Planejamento da Restauração Florestal e dos planos de ações, foram viabilizados investimentos nos territórios de toda a bacia.
“Criamos câmaras técnicas de restauração florestal, outorga e cobrança [pelo uso da água], educação ambiental e mobilização social, além de manual operativo do plano de bacias. Nelas são levadas as demandas que chegam ao comitê e refinadas para deliberação em plenária” – acrescenta.
O presidente ressalta que as ações de preservação e de recuperação precisam passar por grande processo de sensibilização, mobilização e engajamento da sociedade. “Pois, às vezes, chegam projetos com recursos, mas as possíveis áreas para receber ainda não estão preparadas. Este é um dos desafios que estamos trabalhando e buscando parceiros para uma mudança de paradigma” – sustenta.
Ermerson exemplifica que estão previstas para 2025, dentro do plano de trabalho anual, a realização da segunda expedição da bacia e a criação do CBH São Mateus Federal. A primeira expedição ocorreu em 2008.

MOBILIZAÇÃO
Segundo o presidente, o Comitê não é órgão executor, mas possui papel político de articulação e mobilização. “Para tanto, os programas visam toda a bacia, claro, dando ênfase às áreas prioritárias levantadas dentro do diagnóstico do plano de bacias. Podendo citar áreas de recarga de abastecimento humano, que integram unidades de conservação, suscetível à desertificação, área de proteção ambiental e reserva legal”.
O Comitê é composto por representantes de três segmentos –poder público, usuários de recursos hídricos e sociedade civil. Além de Ermerson, a diretoria é formada pelo vice-presidente Jarbas Altoé e por Josete Pertel na secretaria executiva.
O CBH tem como área de abrangência os municípios capixabas de Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, Ecoporanga e Vila Pavão e parcialmente os municípios Boa Esperança, Conceição da Barra, Mantenópolis, Nova Venécia, Ponto Belo, São Mateus e Jaguaré.
Foto de destaque: Micaelly Bueno Rupf/Divulgação