MARCOS GUEDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Flamengo já havia conquistado o Campeonato Brasileiro com vitória, com empate e até sem jogar. Agora, pode dizer que é campeão também com derrota.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF.

O time rubro-negro perdeu por 2 a 1 para o São Paulo, na noite de quinta-feira (25), no Morumbi. Mas manteve a primeira colocação graças ao tropeço da única equipe que o ameaçava, o Internacional, que empatou com o Corinthians por 0 a 0, no Beira-Rio.

Em uma jornada tensa, com múltiplas participações dos árbitros de vídeo, nenhum dos aspirantes ao título conseguiu cumprir aquilo a que se propôs dentro de campo. A formação da Gávea, porém, acabou fazendo a festa depois de ter ultrapassado o rival colorado em confronto direto na penúltima rodada, quando assumiu a ponta pela primeira vez. Foi uma campanha de altos e baixos, bem ilustrada na comemoração após uma derrota. Com três técnicos em uma temporada na qual não conseguiu sustentar o nível apresentado em 2019, o Flamengo fez o suficiente para triunfar em território nacional mais uma vez e celebrar o octacampeonato.

Na partida derradeira, os vencedores encontraram um adversário que ainda tinha um objetivo claro, que foi atingido: ficar entre os quatro primeiros e avançar diretamente à fase de grupos da próxima Copa Libertadores. Seria certamente um bônus para os são-paulinos impedir a festa de seu velho ídolo, Rogério Ceni, hoje comandante rubro-negro, em sua velha casa.

A festa ocorreu, mas não por causa do desempenho tricolor na 38ª rodada do Nacional. A equipe paulistana, que liderou boa parte da competição antes de desmoronar, voltou a se apresentar com o ímpeto demonstrado em alguns momentos nos quais era apontada como favorita a levantar o troféu.

Mesmo sem público no Morumbi -como foram todas as partidas de um campeonato atrasado e afetado pela pandemia do novo coronavírus-, os anfitriões exibiram uma força que não vinham mostrando desde a virada para 2021. Defenderam-se bem e ajudaram o Inter, que não conseguiu cumprir seu papel.

Os times que jogavam para buscar o título começaram suas respectivas partidas demonstrando nervosismo. Os adversários conseguiram equilibrar as ações adotando estratégias defensivas e foram pouco a pouco ganhando terreno.

No Morumbi, Gabriel levou perigo ao São Paulo logo no início, após cobrança de escanteio, mas os donos da casa, armados com três zagueiros, marcavam corretamente. Até o intervalo, o Flamengo só voltou a assustar em mais uma batida de escanteio que Gabriel esteve perto de concluir.

Do outro lado, os tricolores reclamaram bastante de pênalti de Isla em Igor Vinícius, não marcado pelo árbitro Rodolpho Toski Marques nem indicado pelo árbitro de vídeo Wagner Reway. Mas conseguiram chegar à rede já nos acréscimos.

Everton Ribeiro chegou atrasado em disputa na meia-lua, em bola espirrada, e Marques apitou falta. Luciano fez a cobrança no canto em que estava posicionado o goleiro Hugo, que deu um passo para o centro e permitiu a abertura do placar, aos 50 minutos.

Os jogadores do Internacional que não estavam relacionados para a partida no Beira-Rio comemoraram, acompanhando o jogo em telefones celulares na arquibancada. Animaram os colegas em campo, que chegavam ao fim de um primeiro tempo de reclamações.

Após pouco mais de 20 minutos em que o Corinthians teve alguma superioridade, dominando as ações no meio-campo, os donos da casa começaram a se soltar. Eles chegaram a celebrar a possibilidade de marcar um gol de pênalti, chance que não se concretizou.

No campo, aos 31 minutos, Wilton Pereira Sampaio viu irregularidade no toque da bola no braço esquerdo de Ramiro, cortando cruzamento. O VAR Rodrigo Dalonso Ferreira indicou a revisão da jogada, por entender, que o braço foi usado como apoio no gramado, e o penal foi anulado.

Aos 45, a empolgação colorada foi freada mais uma vez. Yuri Alberto recebeu na cara de Cássio após ótima arrancada de Patrick e balançou a rede. O bandeira não assinalou um impedimento bastante claro, apontado apenas com o auxílio do vídeo.

O Inter terminou a etapa inicial frustrado com esses lances, mas animado pela derrota parcial do Flamengo. E voltou do intervalo de maneira bem mais agressiva, construindo várias oportunidades. Aí, apareceu Cássio.

Aos cinco minutos, Edenilson cabeceou livre, na entrada da pequena área, e parou em uma defesa excepcional do goleiro, formado no Grêmio. Aos 19, Caio Vidal bateu com força de fora da área, no cantinho. Cássio se esticou, tocou na bola e ainda contou com a trave.

Enquanto isso, o Flamengo sofria em São Paulo. O time rubro-negro tentou pressionar no começo do segundo tempo e chegou ao gol de empate, aos seis minutos. Após cobrança de escanteio de Arrascaeta, Gustavo Henrique desviou e Bruno Henrique completou.

A formação tricolor, no entanto, não demorou a passar à frente novamente, em mais uma infelicidade de Hugo, aos 13 minutos. O arqueiro saiu jogando erradamente e pôs a bola no peito de Daniel Alves, que serviu Pablo. Na cara do gol, o atacante não falhou.

Com o duelo se aproximando do final no Morumbi, foi ficando claro que não viria a virada rubro-negra. Ficou desenhado o seguinte cenário: se chegasse ao gol da vitória, o Internacional repetiria 1975, 1976 e 1979 e conquistaria o Campeonato Brasileiro.

O Inter foi à frente como conseguiu, ainda que o cansaço e o nervosismo atrapalhassem. Peglow, de cabeça, e Galhardo, com leve desvio na pequena área, ficaram perto. Mas a bola não entrou. Quando entrou, o jogo já estava parado por falta em Cássio após escanteio.

Já no finalzinho, Edenilson marcou e comemorou muito. Mas o impedimento foi assinalado e confirmado pelo VAR. No último lance, aos 50, Lucas teve uma última chance, em bate-rebate na área. Chutou por cima.

O time gaúcho, assim, terminou a competição com 70 pontos. O Flamengo, com 71, festejou seu primeiro título do Brasileiro obtido com uma derrota.

SÃO PAULO
Tiago Volpi; Arboleda, Bruno Alves e Diego Costa; Igor Vinícius (Galeano), Luan (Hernanes), Daniel Alves, Tchê Tchê e Wellington (Gabriel Sara); Luciano (Igor Gomes) e Pablo (Tréllez). Técnico: Marcos Vizolli (interino)

FLAMENGO
Flamengo: Hugo; Isla (Matheuzinho), Gustavo Henrique, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Diego (João Gomes), Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabigol (Pedro). Técnico: Rogério Ceni

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Árbitro: Rodolpho Toski Marques (PR)
Auxiliares: Ivan Carlos Bohn e Victor Hugo Imazu dos Santos (ambos do PR)
Árbitro de vídeo: Wagner Reway (PB)
Cartões amarelos: Tchê Tchê, Robert Arboleda, Daniel Alves, Igor Vinícius, Wellington (SP); Gabigol, Everton Ribeiro, Bruno Henrique (F)
Gols: Luciano, do São Paulo, aos 50min do 1º tempo; Bruno Henrique, do Flamengo, aos 6min, e Pablo, do São Paulo, aos 13min do 2º

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