DIEGO GARCIA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Brasil tinha, em 2014, cerca de 3.300 espécies de animais e plantas ameaçadas de extinção na fauna e flora de seus biomas, segundo um estudo publicado pelo IBGE nesta quinta-feira (5).

O trabalho “Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção” analisou 16.645 espécies entre animais e plantas, e concluiu que 3.299 estavam ameaçadas.

Atualmente, são reconhecidas 49.168 espécies de plantas e 117.096 animais no Brasil. As análises foram feitas em cima de estudos existentes com informações sobre os estados de conservação.

A pesquisa é feita de cinco em cinco anos e é publicada em forma de portaria ministerial. Como a lista referente a 2019 ainda não ficou pronta, esses são os dados oficiais mais recentes que existem no país.

No universo de espécies analisadas, 0,06% são consideradas totalmente extintas, 0,01% está em extinção na natureza, 4,73% estão criticamente em perigo, 9,35% estão em perigo, 5,74% são vulneráveis, 3,98% estão quase ameaçadas de extinção, 62,82% são menos preocupantes e 13,33% possuem dados insuficientes.

O estudo considerou ameaçadas as espécies vulneráveis, em perigo e criticamente em perigo.

Segundo o IBGE, o estudo analisou as listas de espécies nacionais oficiais de 2014 e as avaliações sobre a sua conservação, publicadas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ).

Entre todos os biomas, Pantanal e Amazônia apresentavam as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante, com 88,7% e 84,8%, respectivamente, e também os menores percentuais de espécies ameaçadas, 3,8% e 4,68%.

De acordo com o estudo, em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.

A mata atlântica se destaca pelo maior número total de espécies ameaçadas, considerando fauna e flora, totalizando 1.989. Proporcionalmente, também teve a maior quantidade de espécies avaliadas, sendo que 25% do bioma estavam em categorias ameaçadas.

Outros 12% de espécies da mata atlântica estão em uma categoria que apresenta dados insuficientes.

O bioma ainda apresenta um grande percentual de espécies ameaçadas na flora terrestre, com 42,5% delas enquadradas nessa categoria.

Entre as espécies extintas no bioma está o mutum-do-nordeste, cuja sobrevivência depende de programas de reprodução em cativeiro.

Cerrado e caatinga são outros dois biomas com grau elevado de espécies ameaçadas, com 19,7% (1.061 espécies) e 18,2% (366 espécies), respectivamente. O pampa vem em seguida, com 14,5% (194 espécies).

A publicação aponta que pelo menos dez espécies estão extintas, como as aves maçarico-esquimó, gritador-do-nordeste, limpa-folha-do-nordeste, peito-vermelho-grande, arara-azul-pequena e caburé-de-pernambuco.

Também estão classificadas em extinção o anfíbio perereca-verde-de-fímbria, o mamífero rato-de-Noronha e o peixe marinho tubarão-dente-de-agulha.

Em setembro, o IBGE já havia publicado outra parte da pesquisa “Contas de Ecossistemas”, que mostrou os efeitos da ação do homem nos biomas nacionais.

A Amazônia perdeu uma área equivalente a 270 mil km² entre os anos 2000 e 2018. No período, a maior floresta tropical do planeta viu desaparecer 8% de sua cobertura, substituída, principalmente, por áreas de pastagem.

O estudo mostrou que a redução na vegetação florestal amazônica foi a maior entre as coberturas naturais dos biomas brasileiros no período analisado.

As áreas de pastagem tiveram um aumento de 71%, passando de 249 mil km², em 2000, para 426 mil km², em 2018, o que evidenciou uma fragmentação da paisagem da região, segundo o IBGE.

As perdas na Amazônia não foram as únicas entre os biomas terrestres brasileiros entre 2000 e 2018. No total, uma cobertura natural de quase 500 mil km² desapareceu do território nacional.

Em 2019, um relatório da ONU apontou que há pelo menos 1 milhão de espécies de animais e plantas em risco de extinção, o que representa grave ameaça a ecossistemas de que povos de todo o mundo dependem para sua sobrevivência, de acordo com um novo e abrangente panorama publicado pelas Nações Unidas.

As conclusões foram que na maior parte dos habitats terrestres, das savanas da África às florestas tropicais da América do Sul, a abundância média de vida animal e vegetal caiu em 20% ou mais nos últimos cem anos.

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