BEATRIZ VILANOVA
LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Nem todo mundo é familiarizado com o nome MC Niack, mas é difícil encontrar quem não tenha escutado os hits “Na Raba Toma Tapão” e “Oh Juliana” durante a pandemia da Covid-19. O autor das canções, cujo nome verdadeiro é Davi Alexandre Magalhães de Almeida, é um jovem de Ribeirão Preto, no interior paulista, que se tornou um fenômeno no último ano.

Com “Oh Juliana”, ele permaneceu no topo das músicas mais ouvidas do Brasil no Spotify por três meses e foi o primeiro brasileiro a entrar para a lista Global 200, de singles, da Billboard, criada em setembro do mesmo ano. Tudo isso antes de chegar aos 18 anos de idade, completados em outubro de 2020.

No fim de março, MC Niack resolveu explorar letras ainda mais picantes e sensuais com o lançamento de “Oh Moça (Arabiana)”, música que surgiu de um devaneio e conta a história de uma árabe que se relaciona com um brasileiro, sem saber falar português. Nesta quinta (8), a canção ganha um divertido videoclipe com Compadre Washington, do É o Tchan, que não canta, mas coreografa e dirige o clipe.

“O axé e o funk são bem parecidos”, explica o MC Niack sobre a escolha da parceria. “O axé costumava ter letras bem explícitas, mas não era tão discriminado quanto é hoje o funk, que nasceu na favela. Assim como tantos outros funkeiros, tento fazer a diferença e mostrar que o funk não é só um ritmo, mas um movimento que muda a vida de artistas e anima as pessoas –até a elite gosta de funk.”

“É gratificante ver um jovem da nova geração da música brasileira fazer referência a um grupo de mais de 30 anos de estrada”, diz Compadre, em referência ao seu grupo de axé. “Não conhecia o trabalho de Niack, mas minha netinha o escuta sempre e eu ouço no Big Brother Brasil. Depois que o conheci pessoalmente, vi que ele tem tudo para crescer.”

O MC Niack, que é hoje um dos principais representantes do funk “mandelão” –ritmo que mistura o pop com o beat de rua, com graves estourados e esparsos–, encontrou a saída para o preconceito nas “novas redes sociais”, em especial, no aplicativo TikTok, ao qual ele atribui grande parte do atual sucesso.

Com músicas que servem de trilha sonora para desafios de danças do aplicativo, MC Niack confessa que já criou conteúdo pensando em explorar a plataforma, e está sempre publicando em suas redes sociais vídeos de fãs dançando suas músicas nos desafios propostos.

Foi pela rede social que ele viralizou “Oh Juliette”, versão de “Oh Juliana” em homenagem à participante Juliette Freire, do Big Brother Brasil 21. Na letra, ele canta: “Oh Juliette, pra tu ‘tá facin’. Continua desse jeito que ‘cê’ vai até o fim”.

“Acompanho muito o Big Brother e gosto muito de Juliette. Eu me vejo nela. E sempre que toca a minha música, ela troca o ‘Juliana’ pelo ‘Juliette’ –foi por isso que fiz a música e a lancei nas plataformas”, diz o funkeiro, que é assumidamente fã e torcedor da participante.

DA ENTRADA NA MÚSICA ÀS PARCERIAS INTERNACIONAIS

A ideia de uma carreira musical surgiu em um dos momentos mais difíceis da vida de Niack, aos 16 anos, quando ele entrou em depressão e chegou a abandonar a escola, focando apenas em alguns lançamentos no YouTube.

A música acabou não dando certo, mas o ajudou a ganhar forças para retomar os estudos em 2019. Mesmo assim, no início do ano seguinte, ele retomou o canal de músicas e foi contatado pelo DJ Markim WF (Marcos William Ferreira), que o ajudou na criação de seus hits, e Léo Memes, que auxiliou em seu trabalho de engajamento nas redes sociais.

Em apenas dois meses, Niack conseguiu viralizar com “Na Raba Toma Tapão”, e completa agora um ano desde que se tornou conhecido pela música. De lá para cá, o cantor, inclusive, teve uma “experiência gringa” com a cantora mexicana Sofía Reyes e o produtor Maejor, com os quais lançou “Vida”, música pop com sample (montagens de melodias já gravadas) de “Thank You” da Dido, viabilizada pela gravadora Warner Music.

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