Com a represa do Jundiá operando com 100% da capacidade, o abastecimento de água em Jaguaré está garantido pelos próximos 12 meses, sem risco de racionamento, levando em consideração a falta de chuva neste período. A avaliação é do diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Jaguaré, Sérgio Pinto Corrêa. Segundo ele, a água da represa começou a verter na virada de quarta para quinta-feira (3), após três anos de volume baixo. Ele frisa que, no período de extrema crise hídrica, o nível chegou a 5%, o chamado volume morto, obrigando a autarquia a recorrer à captação de água potável em três poços artesianos e em uma nascente na propriedade de Delcides Ferreira de Ataíde.
De acordo com Sérgio, o Saae ainda utiliza água dos poços artesianos, misturada a que é coletada na represa, para abastecer a Cidade. Ele explicou que, apesar da represa estar cheia, há excesso material orgânico na água, o que prejudica a qualidade e dificulta o tratamento.
O diretor destaca também que a captação é feita por um período de 21 horas por dia, com as bombas permanecendo desligadas entre 18h e 21h. “O alerta sempre tem que ficar porque a crise hídrica tem que nos ensinar alguma coisa. É a gente consumir o menos possível, economizar. A represa está cheia, mas com excesso de matéria orgânica e não consegue produzir água com qualidade. Vai demorar alguns meses ainda para melhorar” – disse.
O diretor relata que a situação no abastecimento do Saae nas localidades de Água Limpa, Barra Seca e Fátima está tranquilo. Conforme disse, em Água Limpa, além do reservatório do Saae, a população ainda conta com a barragem construída pelo Governo do Estado e com um poço artesiano, que melhorou a vazão de água após o período chuvoso do início do ano. Sérgio Corrêa afirma ainda que o nível do reservatório de Fátima está subindo e Barra Seca mantém o abastecimento normalizado com dois poços artesianos.
Elder Sossai: “A situação melhorou, mas a crise hídrica ainda não passou”
Percebendo uma evolução positiva no cenário hídrico do Município, o administrador do Sindicato Rural, Elder Sossai de Lima, faz um alerta a todos consumidores de água: “A situação melhorou, mas a crise hídrica ainda não passou”. De acordo com ele, apesar de a represa do Jundiá ter começado a verter após três anos de volume baixo, ainda há muitas barragens vazias e rios e córregos secos no Município. Porém percebe que a situação melhorou muito nos últimos meses. Ele explica que os reservatórios próximos de nascentes tiveram maior facilidade em acumular água, enquanto que outros, que dependem de cursos d’água, como córregos e rios, apresentam volume menor.
Conforme observa, a Cachoeira do Bereco, na localidade de Barra Seca, considerada um ponto turístico do Município, já há vários meses começou a verter água novamente, transformando a paisagem ao redor. “A agricultura, sem água, não sobrevive. Daqui para frente, precisamos ficar em alerta constante para não achar que o problema da crise hídrica está resolvido”.
Segundo Elder, os produtores têm mudado, gradativamente, os sistemas de irrigação para gotejamento e microjet, que permitem um consumo menor de água em relação a outros sistemas convencionais de aspersão. “É preciso que o produtor não caia na zona de conforto porque não está amenizado. A situação ainda é preocupante. Tem que chover muito mais para que os córregos voltem a correr água. Vamos enfrentar agora um período com menos chuvas e a população precisa ficar em alerta” – complementou.
Claudio Caterinque
Jaguaré-ES