“Não foi por falta de aviso e de alerta”. A fala é da mãe Edvânia Rocha da Silva, que viu a filha de 9 anos se ferir a caminho da escola após o ônibus em que ela estava sofrer um acidente na quinta-feira (20), por volta das 12h, na localidade e Valiati, zona rural de Jaguaré. De acordo com ela, uma fatalidade como a que ocorreu já vinha sendo alvo de diversos alertas de pais junto do setor de transporte escolar da Secretaria Municipal de Educação.
Assim como Edvânia, outra mãe, Jéssica da Silva Lobo, tem os mesmos argumentos sobre o acidente e afirma que, por um acaso do destino, os filhos não estavam no veículo no momento do acidente. “Tem muito problema. A gente via que o ônibus tinha condição de circular. Trocaram o motorista, que era muito bom, e colocaram um novo, que na minha opinião e de muitos pais, era incapacitado. Tanto que aconteceu o acidente” – avalia.
Foto: Divulgação
Segundo as duas mães, os próprios filhos é que relatavam problemas como alta velocidade, sucateamento do ônibus, além de afirmarem que percebiam certa inabilidade do motorista. “Ele disse que o ônibus perdeu o freio. Eu nunca vi um ônibus perder o frio subindo morro. Minha filha disse que ele [o motorista] errou a troca de marcha e o ônibus voltou. Ele ainda conseguiu jogar o carro para o barranco, se descesse seria pior. Talvez hoje estaríamos aqui com muitos mortos” – disse Edvânia.
Reclamações recorrentes
Jéssica afirma ainda que as reclamações dos filhos eram recorrentes. Segundo ela, o veículo que se acidentou na quinta não possui sequer sinto de segurança para as crianças. “Eu vi o ônibus cheio de sangue. Teve muita criança machucada. Não foi feito registro da polícia, os alunos não tiveram assistência, não foi equipe nenhuma da Prefeitura” – afirmou, destacando que foram os próprios pais e vizinhos que providenciaram o transporte para os estudantes receberem atendimento médico na Unidade Mista de Internação de Jaguaré.
De acordo com as mães ouvidas pela Reportagem, o carro foi retirado do local por volta das 14h e não houve investigação para identificar a causa do acidente. No entendimento dela, a situação ficou mal resolvida e reclama da falta de esclarecimentos por parte da Secretaria de Educação.
Foto: Divulgação
Jéssica afirma que as crianças estão com medo de irem para a escola. Por este motivo, demonstra preocupação com a situação. “Foram feitos vários alertas. Pedimos para voltar com o motorista antigo, avisamos que os ônibus não têm condições. Espero que a Prefeitura tenha bom senso e não nos deixe sem os mínimos direitos” – complementou.
Mães pedem esclarecimentos sobre as causas do acidente
As mães Jéssica e Edvânia afirmaram que no dia seguinte ao acidente, a Secretaria de Educação providenciou um veículo novo, com ar-condicionado e sinto de segurança, além de um motorista que elas consideram ter mais experiência que o anterior. Segundo as mães, o motorista envolvido no acidente, assim como uma monitora que o acompanhava, foram demitidos.
Edvânia disse ainda que não acredita que a causa do acidente tenha sido falha no freio, pois segundo ela, o veículo foi retirado do local apenas com as avarias externas e com funcionamento que parecia estar normal. “Tanto que é que ele não precisou ser guinchado, foi um motorista dirigindo ele normalmente”.
Desta forma, as mães reforçam que querem, além de veículos novos fazendo o transporte dos estudantes, também motoristas experientes que possam transmitir uma maior sensação de segurança aos pais.
REUNIÃO NA SEXTA
Jéssica e Edvânia afirmam que a Secretaria de Educação agendou uma reunião com os pais dos estudantes para a próxima sexta-feira (28), na Escola Patrimônio Altoé. O objetivo da reunião será tratar do transporte escolas. A reunião está marcada para iniciar às 10h.
PREFEITURA
A Secretaria de Educação foi procurada na tarde desta segunda-feira, por meio do Departamento Municipal de Comunicação, para comentar sobre os pedidos dos pais de alunos da zona rural em relação às melhorias que eles pedem no transporte escolar. Em resposta, a Secretaria afirmou que uma reunião entre pais de alunos e equipe da pasta está marcada para acontecer nesta sexta-feira, às 10h, para tratar desse tema e “encontrar soluções”.
MOTORISTA
O nome do motorista envolvido no acidente não foi apresentado, nem por autoridades municipais, nem pelas mães entrevistadas. Por este motivo, não foi possível fazer contato para que ele pudesse dizer a sua versão sobre o acidente e também sobre a percepção das mães que disseram observar falta de experiência do profissional. O espaço segue aberto para o motorista, caso queira, se posicionar.
Foto do destaque: Divulgação
