CARLOS PETROCILO
TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – Ana Marcela Cunha chegou aos Jogos de Tóquio com uma coleção de títulos e frustrações olímpicas. Eleita seis vezes a melhor atleta do mundo em maratona aquática, a baiana acumula 12 pódios em mundiais, mas não conseguia repetir o desempenho em Pequim-2008 e no Rio-2016.

Assim, olhou para Tóquio como se fosse a última oportunidade. Nesta terça (3), a nadadora enfim quebrou a escrita ao conquistar a medalha de ouro nas águas do parque marinho Odaiba. Sob sol forte, numa prova que começou às 6h30, no horário do Japão, ela nadou quase o tempo todo no pelotão de frente.

A chegada ao pódio nas Olimpíadas coroa uma trajetória que começou cedo. Aos 16 anos, nos Jogos de Pequim-2008, permaneceu boa parte da competição entre as líderes, mas nos últimos 1.000 metros adotou uma estratégia da qual se arrependeu. Terminou em quinto lugar. Depois, não obteve índice para Londres-2012 –perdeu a vaga por três segundos no qualificatório.

No Rio-2016, Ana Marcela figurava entre as favoritas, já que, assim como em Tóquio, chegou à disputa após ter sido campeã mundial no ano anterior. No entanto, acabou na décima colocação. Diante da torcida carioca, deixou a prova chorando, enquanto a brasileira Poliana Okimoto conquistava um bronze inédito.

Para as Olimpíadas de Tóquio, a atleta e o técnico Fernando Possenti resolveram a estratégia de treinos e até de cidade: trocou Santos (SP) pelo Rio de Janeiro. Lá, instalou-se em um apartamento com vista para o centro aquático Maria Lenk, onde funciona o laboratório do Comitê Olímpico do Brasil.

Possenti e Ana Marcela também reavaliaram o calendário de provas e abriram mão de competições para que ela chegasse mais disposta e menos visada às águas da capital japonesa em busca da tão desejada medalha olímpica. “A Ana competia muito. Em 2018, nadou 18 provas em 12 meses”, diz o treinador.

Na reta final de preparação, foram ao Centro de Alto Rendimento de Sierra Nevada, no sul da Espanha. Localizada a 2.320 metros acima do mar, o local tem um dos centros de treinamentos mais concorridos do mundo. Quando deixou a prova no Rio, Ana Marcela colocou na cabeça que a última oportunidade provavelmente seria no Japão. “Sei que minha vida útil [como atleta] estará chegando ao fim.”

A baiana de Salvador teve o primeiro contato com a natação na creche, aos dois anos de idade, por iniciativa da mãe, Ana Patrícia. Dez anos depois, já estava na seleção brasileira infantil. “Sempre tive uma paixão diferente pelo mar e pela natureza. Aos 8 anos, já fazia travessias no mar com o apoio dos meus pais, que pediam autorização para que eu participasse das competições.”

 

Foto do destaque: Divulgação/CBDA

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