Uma nova era inicia no diagnóstico de doenças alérgicas. O médico alergista Carlos Augusto Figueiredo Correia destaca que a alergia molecular mede a sensibilização aos componentes individuais dos alérgenos, o que oferece um quadro detalhado do perfil de imunoglobulina E (IgE) específica do paciente. “Desta forma é possível avaliar o risco da alergia e explicar sintomas relacionados à reatividade cruzada, ajudando a melhorar a administração da doença”.

Segundo o médico, um estudo do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) nos Estados Unidos aponta que a prevalência das alergias alimentares cresceu 18%, resultando em aumento nas hospitalizações, internações e reações –muitas vezes, graves. “Quando não diagnosticados, os pacientes mostram frequentemente um amplo leque de sintomas variáveis e de padrões de sensibilidade contra vários alérgenos, substâncias causadoras de alergia. Por isso a importância de se fazer a dosagem da IgE específica de um paciente à primeira suspeita de uma resposta alérgica ou de uma reação severa” – frisa.

A IgE é um anticorpo presente no sangue de pacientes portadores de alergia e específica para cada alérgeno diferente. Contudo o médico diz que, como existem moléculas estruturalmemte similares, um indivíduo com alergia a látex, por exemplo, pode ser alérgico a frutas, o que chama de reatividade cruzada.

A nova abordagem da alergia molecular leva o diagnóstico mais longe através da quantificação dos anticorpos IgE específicos em moléculas de um alérgeno único e puro. “A precisão melhorada, assim obtida, reforça a utilidade clínica dos testes IgE. O exame oferecido no Brasil pela empresa Phadia é chamado de ImmunoCAP ISAC (Immuno Solid-phase Allergen Chip), sendo o mais avançado teste diagnóstico in vitro para o doseamento de anticorpos IgE específicos dirigidos a componentes alergênicos” – susenta o médico.

O sistema utiliza de biochips para detecção específica das moléculas de cada alérgeno suspeito. Assim, o sistema provém aos médicos um amplo espectro do perfil alergênico em nível molecular. “Em termos práticos,  pacientes alérgicos a trigo, que anteriormente tinham o alimento suspenso da dieta como conduta única, passa a serem vistos com olhos diferentes. A presença de positividade para a molécula omega 5 gliadina, presente no trigo, oferece um risco maior de reação alérgica grave, chamada de anafilaxia, que é potencialmente fatal. Indivíduos com alergia ao trigo e com omega 5 gliadina positivos têm conduta médica diferente que individuos alérgicos ao trigo com omega 5 gliadina negativa”.

O médico ressalta que as conclusões e segmentos individualizados se tornaram possíveis com o advento da alergia molecular. Ele reforça que alergia molecular vem iniciar uma nova era na medicina, com a possibilidade de abordagens mais seguras e ganhos imensuráveis para os pacientes.

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