Por
Luiz Humberto Monteiro Pereira
AutoMotrix

Quando a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) inaugurou sua fábrica brasileira da Jeep, em abril de 2015, a indústria automotiva nacional entrava em uma grande crise. E a empresa apostou na força da marca no segmento que mais cresce no Brasil e em todo o mundo –o dos utilitários esportivos. Em 2016, com o mercado em forte recessão, em seu primeiro ano cheio como fabricante nacional, a Jeep comercializou 59.077 unidades e foi a décima marca que mais vendeu no País. Em três anos, mais do que dobrou suas vendas e, com os 129.481 emplacamentos de janeiro a dezembro do ano passado, se posicionou como a oitava marca mais vendida do País. Como a participação dos importados Wrangler e Grand Cherokee nessas vendas foi de modestos 0,25%, a performance é puxada apenas pelos dois modelos Jeep produzidos na cidade pernambucana de Goiana: Renegade e Compass. No ano passado, foram 68.737 emplacamentos do Jeep compacto e 60.371 do médio –se mantiveram como os dois SUVs mais vendidos do Brasil. Na linha Compass, que se posiciona em uma faixa de preços acima do Renegade, uma das versões mais procuradas é a Limited 2.0 diesel 4×4, a intermediária entre as básicas Sport e Longitude e as tops Trailhawk e S.

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

No design do Compass, pouco mudou em relação ao modelo lançado no Brasil em setembro de 2016. Chama a atenção o equilíbrio de características que ressaltam a esportividade dos SUVs com outras que evocam a sofisticação dos carros de passeio mais requintados. A tradicional grade de sete fendas vem ladeada por elegantes faróis com leds. O capô exibe vincos que valorizam o aspecto dinâmico, algo reforçado pela linha de teto descendente na traseira, remetendo aos cupês. A traseira tem lanternas horizontais com leds, que invadem a tampa do porta-malas. Sob o capô está o mesmo motor 2.0 turbodiesel de 170 cavalos e 35,7 kgfm que movimenta versões mais caras do Renegade e da Fiat Toro. Trabalha acoplado com a transmissão automática ZF de 9 marchas –com aletas atrás do volante. No Programa de Etiquetagem do Inmetro, o carro obteve 9,8 km/l na cidade e 11,4 km/l na rodovia. Em um tanque de 60 litros de diesel, resulta em uma autonomia de seiscentos quilômetros. A tração pode ser frontal, 4×4 ou 4×4 com reduzida e o sistema Selec-Terrain disponibiliza pré-configurações para dirigir na neve, areia e lama.

TECNOLOGIA E SEGURANÇA

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Bem equipada, a versão Limited 4×4 a diesel traz chave presencial, tela configurável de TFT no quadro de instrumentos, central multimídia com navegação GPS, Bluetooth e tela sensível ao toque com 8,4 polegadas, que transmite imagens da câmara de ré e oferece funções acionadas por comando de voz. No quesito segurança, há controle eletrônico de estabilidade, sistema anticapotamento, monitoramento de pressão de pneus, assistente de partida em rampa, controle de velocidade de cruzeiro, freios a disco nas quatro rodas, três pontos de fixação de cadeiras infantis Isofix e direção de torque dinâmico, que auxilia o motorista a virar o volante corretamente em uma situação de perda de aderência. Além dos dois airbags frontais obrigatórios, a versão traz os de cortina, laterais e de joelhos para o motorista. E agrega ainda chave presencial com partida por botão (Keyless), sensor de ponto cego, park assist, rodas de liga leve de 19”, rack de teto com acabamento cromado e sensores crepuscular e de chuva. Na linha 2020, que chegou às concessionárias em agosto do ano passado, o Compass Limited incorporou o banco elétrico para o motorista (com oito posições) como item de série.

O preço base do Jeep Compass Limited 2.0 Turbo Diesel Automático é de R$ 182.790, com carroceria em cores sólidas. As metálicas acrescentam R$ 1 mil ao preço, mas a perolizada Branco Polar Bicolor soma R$ 1.500 à conta. Como opcionais, existem dois packs. O High Tech inclui controle de cruzeiro adaptativo (ACC), aviso de mudança de faixas (LDW), comutação automática de faróis, abertura eletrônica do porta-malas, sistema de som Premium Beats de 506 W (oito alto-falantes mais subwoofer) e aviso de colisão frontal com frenagem de emergência. Custa R$ 8 mil. Já o Protection agrega protetor de cárter e protetor para barro dianteiro e traseiro, além de um adesivo Pack Protection. Custa R$ 1.350. Ainda é possível incorporar o teto solar elétrico panorâmico, que acrescenta R$ 8.600 à fatura, e o revestimento cinza Ski Gray em couro para os bancos no lugar dos originais em couro preto, por R$ 1.500. Ou seja, com todos os opcionais disponíveis, na cor Branco Polar Bicolor e com bancos em Ski Gray, como o modelo testado, o preço sobe para R$ 203.740

EXPERIÊNCIA A BORDO

Na trilha com elegância

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Dentro do Compass, a plataforma de médio proporciona aos ocupantes uma agradável sensação de espaço. Apesar do cardã do sistema 4×4, o túnel central não é dos mais elevados e sobra área livre para as pernas dos passageiros do banco de trás. Há saídas de ar-condicionado e tomada para a segunda fileira. Os porta-trecos são bem desenhados e otimizam os espaços a bordo – na linha 2020, existe inclusive um novo nicho grande sob o banco do carona, para guardar objetos valiosos que se pretenda deixar bem escondidos. O porta-luvas é grande e iluminado. Os 410 litros do porta-malas são coerentes com o segmento de SUVs médios.

Boa parte dos revestimentos é de plástico, porém alguns são emborrachados. Todos aparentam qualidade. A montagem é precisa e detalhes em preto brilhante ao redor da tela multimídia, da manopla e das saídas de ar conferem um aspecto requintado. Os bancos são revestidos de couro e agradáveis de se sentar. O habitáculo transparece uma combinação de rusticidade e robustez, típica dos SUVs. Em movimento, a suspensão reage com eficiência aos desníveis do solo e o isolamento acústico funciona. A vibração é baixa para um motor a diesel, que normalmente é trepidante.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR

Para qualquer caminho

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

O motor 2.0 Multijet que equipa o Jeep Compass Limited 2.0 Turbodiesel Automático entrega 170 cavalos de potência e 35,7 kgfm de torque máximo, sendo 80% desse torque estão disponíveis já a partir dos 1.500 giros. Não falta força para arrancadas e ultrapassagens: basta pisar mais forte no acelerador que o carro ganha velocidade de forma rápida e consistente. A exuberância do motor a diesel é aproveitada com eficiência pelo câmbio automático de 9 velocidades.

No asfalto, o Compass tem um comportamento dinâmico similar ao de um sedã médio. Apesar da altura elevada, pouco aderna nas curvas. A direção elétrica é precisa e direta. A segurança é ampliada por sistemas como controle eletrônico de estabilidade, monitoramento de pressão de pneus, freios a disco nas quatro rodas e direção de torque dinâmico.

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

No off-road, a suspensão, que é independente nas quatro rodas e de curso longo, equilibra os movimentos da carroceria sem transmitir excessivos solavancos. Os bons ângulos de entrada e saída também favorecem os trajetos fora-de-estrada. Os diferentes modos de direção do sistema Selec-Terrain permitem melhor dirigibilidade em pista molhada ou pisos de baixa aderência, como areia, neve e lama. Há também o controle de descida, que permite encarar declives acentuados sem o uso de freio. O gerenciamento eletrônico da tração transfere a força individualmente entre os eixos, conferindo ao Compass a capacidade de superar condições de piso bem adversas.

O Compass Limited diesel 4×4 é um veículo que consegue entregar um comportamento dócil de carro de passeio sem abandonar o estilo audaz inerente a um Jeep. Um carro com estilo e atitude, para quem procura um modelo familiar que viabilize também algumas estripulias nas trilhas. É uma pena que completo, como na versão testada, o preço passe dos R$ 200 mil.

FICHA TÉCNICA

Jeep Compass Limited 2.0 Diesel AT 4×4 2020

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Motor: a diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, com quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro e turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível
Transmissão: câmbio automático com 9 marchas à frente e uma a ré. Tração nas quatro rodas. Tem controle eletrônico de tração
Potência máxima: 170 cavalos a 3.750 rpm
Torque máximo: 35,7 kgfm a partir de 1.750 rpm

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Diâmetro e curso: 83 mm x 90,4 mm. Taxa de compressão: 16,5:1
Suspensão: dianteira McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora. Traseira McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade
Freios: disco nas quatro rodas
Pneus: 235/45 R19.

Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Carroceria: crossover em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,42 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,65 m de altura e 2,64 m de distância de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série e laterais, de cortina e de joelhos para motorista como opcionais
Peso: 1.751 kg em ordem de marcha
Capacidade do porta-malas: 410 litros
Tanque de combustível: 60 litros
Produção: Goiana, em Pernambuco
Preço base da versão: R$ 182.790
Preço da versão avaliada, com os pacotes High Tech e Protection, teto solar elétrico panorâmico, revestimento cinza Ski Gray em couro para os bancos e carroceria na cor perolizada Branco Polar Bicolor: R$ 203.740.

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