BEATRIZ VILANOVA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Purpurina e música brasileira invadem o Memorial da América Latina, em São Paulo, neste sábado (18). Trata-se da primeira apresentação de 2020 do Bloco do Silva, festa de Carnaval do cantor Lúcio Silva, 31, que acontece também em Salvador (25/1), Vitória (7/2) e no Rio de Janeiro (8 e 22/2).

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Após o sucesso do primeiro bloco, “feito na cara e na coragem” em meados de 2019, a segunda edição do evento seguirá a pegada dos anos 1990. Silva promete trazer músicas brasileiras, incluindo parte do repertório do ano passado -que inclui Daniela Mercury, Banda Eva, Ara Ketu, Olodum, Gilberto Gil, Caetano Veloso- e canções novas com muita percussão, que o cantor diz não abrir mão.
“Estou apaixonado por samba reggae”, afirma o cantor em entrevista à reportagem, ao reforçar o ritmo da música “Pra Vida Inteira”, que lançou em parceria com Ivete Sangalo na sexta passada. Além da cantora baiana, serão inclusos no setlist do bloco nomes como Timbalada e Gerônimo para valorizar os blocos afros.

 

Ver essa foto no Instagram

 

que noite linda ontem! ❤️ vida longa à @casa7_vix! muito orgulho do meu irmão @silvas_lucas e @diegolemos09

Uma publicação compartilhada por Silva (@silva) em

“É um repertório que eu idolatro, com batidas que escuto desde criança. Uma tentativa de trazer isso de volta. Tem tanto ouro do Brasil…”, diz Silva, que fomenta a cena do Carnaval de Vitória, que ele ainda considera tímido quando comparado às grandes festas do Rio e da Bahia -essa última, que o inspira por causa das batidas de axé.
“Adoro tocar no verão. As coisas que mais gosto de fazer são no verão. Eu moro em uma cidade que é verão quase o ano todo, que é Vitória -dá até para pegar praia em julho. Gosto de fazer música alegre”, afirma. “Tinha muita vontade de fazer este show de Carnaval, mesmo sabendo que não sou um cara ‘puxador de trio’. Sou bem tranquilo, mas ao mesmo tempo não consigo ficar parado. Então, por que não?”
Hoje, Silva é fã de Carnaval. Mas sua história com a festa de rua é recente, uma vez que ele cresceu passando a data em retiros de igreja. “Eu fiz o caminho contrário. Estamos num país cada vez mais evangélico, e eu estou cada dia menos evangélico”, brinca. “Mas eu não renego isso, tenho o maior caminho pela minha história. Só estou desconstruindo uma coisa que me obrigaram a acreditar. Não acredito na fé por obrigação, mas por experiência.”

Sem nunca ter frequentado uma micareta, o cantor diz que se sentiu privado de conhecer o Carnaval. “Quando acontecia, eu não podia ir porque era crente. E eu era neto do pastor, ia pegar super mal eu ir. Via vários amigos indo e contando histórias, e eu não podia, simplesmente porque não era um lugar para pessoas de Deus ficarem.”
Mais velho, após ter contato com a festa, ele descobriu que se tratava de algo completamente diferente do que acreditava ser. Algum tempo depois, em 2019, estaria subindo no trio elétrico de Daniela Mercury para desconstruir a ideia do Carnaval de Salvador, que ele acreditava ser “uma Babilônia total”.
Frente a uma onda conservadora, ele deseja apenas que o Brasil seja um país em que as pessoas não tenham medo de serem elas mesmas. Para ele, é importante que o discurso conservador seja também separado do divino, para que não se torne hipócrita.
“A quantidade de amigos meus que se engajou para caramba [politicamente] e entrou em depressão, que está com a cabeça toda ferrada… Quero estar bem, quero ser feliz para conseguir espalhar energia boa. E isso dá um trabalho -tem que manter a saúde mental, ir para a praia”, brinca.

NOVO DISCO EM 2020

Nas últimas semanas, Silva teve uma súbita onda de inspiração e diz estar ansioso para compor e lançar novas músicas. Nenhuma delas chegará ao bloco de Carnaval, mas a ideia é que sejam lançadas em breve, e que um novo álbum esteja disponível para o público ainda este ano.
“Em 2020 eu quero trabalhar mais e me conectar bastante comigo mesmo. Estou buscando evoluir, cantar melhor e interpretar melhor. E quero me dedicar bastante musicalmente neste ano, porque é aí que está a minha voz; aí que eu posso influenciar para o bem. Fazer música é o melhor jeito de eu espalhar algo bom.”
“Quero que esse disco nasça dessa vontade de fazer as pessoas se sentirem mais leves em 2020, porque 2019 foi muito difícil para todo mundo, você abria o jornal e todos os dias tinham notícias horrorosas. Então quero algo que contribua, para que a gente passe por essa um pouco mais feliz, sem deixar desmoronar”, conclui.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here