O chamado universal à santidade é a razão de ser da Encarnação do Filho de Deus. A todos Jesus exorta: “Sede santos como o vosso Pai do Céu é santo”. Aos Efésios, Paulo recomenda: “Comportai-vos como convém a santos”. E, aos Tessalonicenses: “O Deus da paz vos conceda uma santidade perfeita e que o vosso ser inteiro –espírito, alma e corpo– seja guardado, de modo irrepreensível, para o dia da Vinda do Senhor”. O batismo é a porta de entrada na santidade, pois nos insere no corpo de Cristo, a Igreja. Esta doutrina era tão viva nos primeiros séculos, que, os membros da Igreja eram chamados “os santos” e a própria Igreja “a Comunhão dos santos”.
Autoridade, magistério, seu Espírito, sua missão e sua santidade Cristo comunicou à sua Igreja. Por meio dos sacramentos, Ele partilha a vida divina aos homens; a santidade, assim, não é fruto do esforço humano, que procura alcançar a Deus com suas próprias forças, mas, é um dom do amor de Deus e, ao mesmo tempo, uma conquista, pois, pede a resposta do homem à iniciativa divina: “Aquele que te criou sem ti –diz Santo Agostinho– não vai te salvar sem ti”. Ninguém se santifica pelos próprios méritos, mas, pelos méritos de Cristo; a correspondência humana, também, é graça divina.
Papa João Paulo II, na carta, –“Novo Millennio Ineunte”–, recomenda ao clero: “ter como prioridade pastoral, no novo milênio, promover a santidade dos membros de suas comunidades”. As Bem-aventuranças –programa paradoxal, mas, real, da santidade cristã– mostram as três vertentes da santidade: Pobreza voluntária. O desapego de tudo e de todos, para ser todo e só de Deus. Misericórdia: misericórdia para com todos e participação aos problemas e esperanças da humanidade. Humildade: virtude, desdobramento do amor, é uma força construtora de fraternidade e paz.
O culto aos santos tem, assim, seu entroncamento na Igreja. Como o povo da antiga aliança estava em comunhão com os Patriarcas e os Profetas, unidos na herança comum das promessas messiânicas, assim, a Igreja, está em comunhão profunda com Jesus Cristo, a Virgem Maria, os Apóstolos, os Mártires, os Santos e os Anjos. “De acordo com a Tradição Oral-apostólica e o relato bíblico, a Igreja rende culto aos santos –afirma o Concílio– e venera, com piedade, suas imagens e relíquias, pois, entre a Igreja triunfante e a Igreja peregrinante existe uma perfeita unidade”.
“É pela graça de Deus –diz Paulo– que sou aquilo que sou e a graça de Deus em mim não foi vã”: como os ramos na videira, assim, resplandece a glória divina nos santos. “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” – exorta Paulo. A Igreja reserva aos santos o “culto de dulia”, de veneração. “Só Vós sois Santo” – canta no “Glória” da Missa: só a Deus, “o culto de latria”, de adoração. Eles são nossos intercessores, junto de Deus, como Débora, Judithe e Ester, que intercederam perante o rei, pelo seu povo, que se encontrava em situação dramática. A santidade é o segredo da verdadeira e plena felicidade.
(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)
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